Ontem, 16/11, teve início o primeiro debate entre os candidatos escolhidos pela burguesia para “disputar” a prefeitura de São Paulo, realizado pelo CNN. São eles Bruno Covas, do PSDB, e Guilherme Boulos, lançado pela legenda do PSOL. De um lado, estava representado uma figura ligada a FIESP, aos grupos de banqueiros, financiados por grandes capitalistas e figura de confiança desses grupos, um dos responsáveis por destruir o Estado de São Paulo e o candidato do fascista governador do Estado, Joao Doria. Do outro, uma candidatura sem lastro social real, “popular”, que se restringe apenas aos bairros de classe média de São Paulo, o “líder” das manifestações no Largo da Batata, embora fosse uma figura mais pálida na multidão dos atos da Av. Paulista, uma esquerda bem vista por toda direita, elogiada por toda a grande imprensa golpista nacional. O debate entre as duas figuras não poderia ser diferente: tapas de luvas de pelica, criticas mornas, afagos; e, claro, uma enchente de demagogia de ambas as partes.
Para o telespectador era difícil diferenciar quem era a esquerda e a direita do debate, afinal o vermelho faltava até em gravatas. Era o debate dos “civilizados”, cheio de respeito e amor. O que poderia diferenciar, de algum modo, para quem se aventurou assistir ao debate, seria saber quem é Guilherme Boulos, de qual partido, mas o candidato não se deu ao trabalho de citar em nenhum momento de qual partido faz parte. Restou o estilo, já que Boulos trazia consigo a clássica barba uspiana e Covas estava parecendo um político tradicional da direita golpista; apático, sem emoção, tranquilo do que virá, pois, a máquina eleitoral está a favor dele, independente das asneiras que falar. No conteúdo, alguns deslizes da direita e da esquerda. Enfim, um baile de oportunismo e carreirismo, deixando qualquer um confuso sobre quem é quem.
O debate foi politicamente pedagógico e esclarecedor do porquê tanto Covas, quanto Boulos, foram os escolhidos para pavimentar a vitória da direita golpista, em especial o Centrão, nas eleições municipais. Bruno é, como dito acima, figura cujo grupo político nunca fica de fora do clássico segundo turno das eleições, mas e Guilherme? Esse, por sua vez, é o que é conhecido na linguagem popular como o “bom menino”. Aquele que não ataca, não denuncia, não incomoda. Na política, isso recebe o nome de cooptado, uma oposição bem-comportada; que não é uma oposição de fato. Foi assim em todo debate. Um mar de “amor” e uma falta de críticas e denúncias.
E com um “você deixou a desejar” começa a primeira crítica amorosa de Guilherme Boulos a seu suposto rival nas eleições. Antes, claro, sem deixar de se referir com o eleitoreiro “se eu for eleito”. E isso se repete, repete, repete… durante uma hora e meia.
Primeiro essa parte sobre o coronavírus veio bem a calhar, porque ambos os candidatos oferecem uma política inócua para a situação de gigantesca crise sanitária, que está sendo usado por figuras como Bruno Covas para realizar um verdadeiro genocídio da população. Boulos oferece um programa lindo para acabar com o coronavírus e Covas diz que tem esse programa e ele está em marcha. É difícil saber qual é mais mentiroso. Em nenhum momento Boulos faz uma dura crítica e convoca a população para barrar o genocídio. É algo morno, de compadre. Sem contar que a postura defensiva de Boulos é para deixar qualquer um com os dois pés atrás. Claro que haveria essa defensiva, já que ele mesmo tem suas ligações com essa política. Como sabemos, Marcos Boulos, seu pai, é de um cargo de confiança do PSDB. Por isso, não é genocídio, é deixar a desejar.
Outra parte do debate, onde a água esquentou um pouco embora sem sequer chegar perto de ferver, Covas parece ter alguma alma dentro do corpo e lança um ataque bolsonarista contra Boulos, citando que ele é do movimento MTST de forma pejorativa. Boulou acusa Covas de bolsonarista? Nada mais longe. Boulos orienta, muito calmo, muito bem-comportado, que o “ódio” não pode vencer o amor. Não é um ataque, é uma orientação à direita que é próxima do bolsonarismo. Chama a votar “com esperança”.
Fica claro nesse debate que Boulos é um candidato apoiado pela burguesia, pelo menos para fazer o papel de grilo falante da direita que ele fez no debate. Dessa forma, mesmo que não dê para fazer futurologia, Boulos pavimenta o caminho para vitória da direita. Afinal, uma figura natimorta como Covas consegue sambar na sua cabeça. Essa é a figura que a burguesia, de forma muito artificial, tenta lançar para substituir Lula em 2022 e manter Bolsonaro até lá.