As eleições 2020 estão mostrando porque boa parte da esquerda não luta contra a direita e contra os golpistas. No Estado da Bahia, o governador petista Rui Costa está, na prática, apoiando os candidatos da direita na chamada frente ampla.
A posição do governador Rui Costa dentro de uma ala direita do PT e que defende a frente ampla não é nenhuma novidade, mas apoiar candidatos da direita golpista em municípios que possuem candidatos do PT é uma demonstração de total conluio com a direita e de destruição do Partido dos Trabalhadores.
Na Bahia existem pelo menos dois casos e que não devem ser únicos no Estado. Em Eunápolis, município do Extremo Sul da Bahia, o PT possui um candidato à prefeitura da cidade, Isac do PT. Além do petista, há também outros candidatos da base aliada do governo formada por partidos da direita golpista e bolsonarista. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou em uma live seu apoio à reeleição de Robério Oliveira, candidato a prefeito da cidade, Robério Oliveria pertence ao PSD, que votou em peso pelo impeachment de Dilma Roussef e votou juntamente com o governo Bolsonaro e seus ataque contra os trabalhadores em 90% dos projetos apresentados.
Em Porto Seguro, também no Extremo Sul da Bahia, Rui Costa, agora com o apoio do senador petista Jaques Wagner, pressionou o PT para que desistisse de sua candidatura, para apoiar um golpista e elemento muito próximo ao prefeito de Salvador, ACM Neto. Rui Costa e Jaques Wagner, juntamente com a candidata petista, Lívia Bittencourt, a abandonaram a candidatura para apoiar Uldurico Junior do PROS. O PROS votou em mais de 80% dos projetos apresentados pela direita contra os trabalhadores.
Uldurico Junior era deputado federal e trabalhou ativamente para o impeachment de Dilma Roussef e fez uma enorme campanha que não houve golpe de Estado, mesmo após até mesmo Michel Temer afirmar que houve um golpe contra Dilma.
Nos dois casos, a decisão de Rui Costa abriu uma enorme crise na base do PT e prejudicou os candidatos a vereador visto que as medidas foram vistas como uma enorme traição do PT em apoiar os candidatos da direita golpista.
Articuladores da Frente Ampla dentro do PT
A decisão de Jaques Wagner e Rui Costa em colocar em prática essa política de apoiar candidatos da direita golpista ou direita “civilizada” demonstra que fazem parte da ala direita do PT e que são importantes articuladores para uma aproximação da direta golpista.
Essa aproximação do PT com a direita golpista nessas eleições está estrangulando o partido e reciclando elementos mais asquerosos da política nacional e contra os trabalhadores, que atuam sempre contra os trabalhadores e em favor do governo Bolsonaro.
A frente ampla tem uma exigência da direita com o PT: isolar a ala ligada ao ex-presidente Lula e ligada aos trabalhadores, e ficar a reboque de políticos da direita tradicional, como vimos nesses dois casos que citamos.
Estão rifando as candidaturas petistas em diversos municípios para fortalecer sua base “aliada” formada pela direita golpista.
O governador da Bahia articula abertamente para ressuscitar e limpar o histórico golpista da direita no Estado. Por isso, não fez nada para contribuir na luta contra a prisão de Lula e contra o governo Bolsonaro e muito menos combate o DEM dentro do Estado.
A consequência dessa política é uma enorme desmoralização da esquerda e da luta contra o golpe e a busca de uma convivência pacífica com essa direita. Outro ponto da política de frente ampla é de não haver luta contra o governo Bolsonaro, isso porque, a direita dita civilizada que compõe a frente ampla, não quer retirar Jair Bolsonaro da presidência porque, como vimos, apoia seus ataques contra os trabalhadores e a população.
Com essa política, Rui Costa prepara a entrega do governo do Estado da Bahia para um partido golpista nas próximas eleições. Fez isso com a vaga para senador (PSD), com o vice de sua chapa (PP), da mesma maneira que está fazendo em diversos municípios.
A frente ampla fortalece o bolsonarismo e o carlismo na Bahia
Essa política colocada em prática por Rui Costa e Jaques Wagner tem consequências graves não somente para a esquerda na Bahia, mas em todo o País. A Bahia é um estado importante economicamente e está sendo retomado pela direita tradicional.
O apoio a partidos declaradamente golpista e de ‘coronéis’ da política está fortalecendo quem estava desgastado e quase ‘morto’ politicamente. O apoio do governo do PT limpa a barra desses golpistas e apaga seu passado golpista.
A política de Rui Costa serve como cobertura para uma manobra que visa colocar a direita de volta no poder. A direita que deu o golpe de Estado, que está destruindo os direitos da população e que foi a principal responsável por Bolsonaro.
Para a militância de esquerda que está na luta contra o golpe a hora é de intensificar mais do que nunca o confronto com a extrema-direita. Não existe uma via de mão-dupla que concilia as ruas para os dois extremos. É preciso denunciar essa política traidora colocada em prática por Rui Costa e Jaques Wagner, mas que contém mais apoiadores dentro do PT e também de outros partidos da esquerda como o PSOL e o PCdoB.