O companheiro Francisco Muniz, militante do PCO, mais conhecido como Chico, que é integrante e coordenador do Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente (GARI). Formado por militantes e simpatizantes do PCO, o GARI que organiza a intervenção política de artistas e trabalhadores ligados à área da cultura. Ele concedeu uma entrevista ao DCO, explicando o que é o coletivo, a sua política, entre outras coisas.
O companheiro começa explicando que o GARI é coletivo de artistas do Partido da Causa Operária, PCO, que significa: Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente. É um coletivo onde se reúnem toda semana, nos sábados, às 15hs, onde discutem as formas de como atuar, enquanto artistas, politicamente, de uma forma revolucionária. No momento a principal atividade do grupo está sendo a elaboração da revista Breton, que é uma revista sobre arte e o tema da revista vai ser o manifesto da FIARI (Federação Internacional da Arte Revolucionária e Independente), que é um manifesto que foi assinado pelo Breton e pelo Diego Rivera, mas que na verdade foi escrito pelo Breton em parceria com Leon Trotsky, em que fazem uma caracterização sobre questões relativas à arte, no contexto revolucionário, o que seria uma arte verdadeiramente revolucionária.
Continuando a entrevista, o DCO pergunta: Qual a política do PCO para a cultura?
Chico: A política do PCO para cultura é primeiramente é denunciar os ataques feitos contra a cultura pelo governo de extrema direita, golpista, do Bolsonaro num âmbito federal e dos governos estaduais no âmbito estadual. Vê que aqui em São Paulo, os ataques feitos pelo PSDB e nos outros estados também. Um exemplo, de uma das coisas, entre tantas porque os ataques são muitos, a começar pela extinção do Ministério da Cultura, que foi um ataque do governo federal, outro ataque também do governo federal gravíssimo foi acabar com a Cinemateca Brasileira que é um acervo de filmes antigos que tem aqui em São Paulo, que está abandonado, o prédio está abandonado, deixado às moscas. Lá você tem várias relíquias, filmagens importantíssimas de momentos históricos do país, de séculos atrás, filmes muito antigos e que pelo material deles podem, inclusive pegar fogo, sofrer combustão espontânea, que coloca todo aquele acervo em perigo, pelo fato de ter rolado um corte no orçamento da Cinemateca e tudo mais, não tem nenhum funcionário lá pra cuidar das coisas, então tudo lá pode pegar fogo. Outra coisa é os ataques, a tentativa de censurar chargistas, censurar artistas de um modo geral em que a gente teve casos disso daí num período recente. Então isso daí primeiramente é o problema do PCO com a cultura, que a gente considera que não pode estar desvinculada de uma política revolucionária. Então o artistas anda de mãos dadas com a classe operária, na conquista, na luta por um governo operário e revolucionário, não só no Brasil, como no mundo.
DCO: Como vê a questão diante do golpe e do governo Bolsonaro?
Chico: Então, é essas coisas que eu coloquei, a cultura no Brasil sofreu diversos ataques, com o governo golpista. O governo Bolsonaro é um inimigo da cultura, isso é uma coisa flagrante na forma como ele se coloca, na forma como ele coloca a questão da cultura e aqui em São Paulo não é diferente. Recentemente eu vi um vídeo aí de um policial militar pegando um artista de rua pelo pescoço aqui nas ruas de São Paulo, o cara estava se manifestando, o artista de rua, que já é uma situação bem degradante para um artista, ter que viver aí de um negócio que é praticamente pedir esmola, que é tocar na rua. Então aqui em São Paulo tem muito disso e aí tem um vídeo de um policial pegando ele pelo pescoço, prendendo ele. Então a repressão contra a classe artística é muito grande, é um fato de que você de repente tem uma perspectiva, inclusive de uma censura mais profunda no setor, pelas coisas que a gente vê, as vezes travestidos aí de uma demagogia até de esquerda, “não sei o que foi racismo, não sei o que foi machismo e tal”, se vê uma tentativa de censurar não só na cultura de um modo artístico, como também por exemplo, as torcidas de futebol que sofrem censura de xingar no estádio. Então a gente tem todo um cenário ali de ataque a cultura dentro de um contexto de um golpe de estado. Sem falar nas leis de financiamentos, de incentivo, que já eram uma esmola do estado para cultura e diminuiu de uma forma drástica dentro de um contexto do governo golpista.
DCO: E a respeito da Lei Aldir Blanc, tem alguma coisa a respeito para falar?
Chico: É, a Lei Aldir Blanc é uma espécie de auxílio emergencial, uma espécie de esmola também, pros artistas cujo modo de vida foi profundamente afetado pela pandemia. Já era difícil pro artista em uma situação normal, agora com a pandemia virou uma miséria total, o pessoal sem a mínima possibilidade de ganhar nenhum dinheiro por conta da pandemia. Então uma pressão aí da classe artística, fez com que criasse essa lei aí, a Lei Aldir Blanc, que se trata de uma esmola. Eu não lembro ao certo qual o valor que vai ser pago, mas é uma espécie de um auxílio emergencial, que da mesma forma que o pessoal que está pegando o auxílio emergencial, é uma esmola. É um valor baixíssimo, eu não lembro quanto que é, mas eu lembro que era muito baixo, uns 600 reais, alguma coisa semelhante.
DCO: Como o PCO defende que seja feita a organização dos artistas?
Chico: Nós consideramos que os artistas que se consideram, que entendem o problema do golpe de estado e o problema da luta contra o capitalismo, a luta contra a direita e a extrema direita. É que eles devem se organizar dentro de um partido operário, dentro de um partido revolucionário, para poder se impor, porque na verdade o artista ele tem um problema que de um modo geral a forma de atuação dele, é que está sempre sozinho, sempre desorganizado, vive num contexto meio isolado da sociedade. Então ele precisa se organizar dentro de um partido revolucionário pra poder se colocar diante das coisas de uma forma coletiva. O que ajuda muito e é muito importante na luta nesse momento, lutar de uma forma coletiva