Poucos meses após o início da Primeira Guerra Mundial, Howard Fast nascia em Nova Iorque. Filho de uma imigrante inglesa e de um descendente de imigrantes ucranianos, foi um dos escritores estadunidenses mais prolíficos do Século XX.
Escreveu seu primeiro romance no final do colégio, ainda em 1933. Talvez sua obra mais famosa seja o romance “Spartacus”, publicado em 1951. Baseado na mais famosa revolta de escravos em Roma, que reuniu um exército de quase 40 mil homens, o livro começou a ser escrito na prisão e inspirou o filme de 1960 dirigido por Stanley Kubrick.
Membro do Partido Comunista de 1943 a 1957, Howard Fast foi uma vítima do “macarthismo”, a histeria anti-comunista liderada pelo senador Joseph McCarthy que promoveu uma espécie de “caça às bruxas” no país que era o principal representante das democracias ocidentais durante Guerra Fria.
Perseguido pelo Comitê de Atividades Antiamericanas, Fast foi pressionado para apontar as pessoas que ajudaram a construir um hospital na França que atendia militantes antifascistas durante a Guerra Civil Espanhola. Por se recusar, passou três meses preso. Solto, permaneceu na lista negra do FBI e teve obras retiradas de livrarias.
O próprio romance sobre ex-escravo Spártaco foi rejeitado por diversas editoras, sob pressão direta de agentes do FBI. Fast publicou o livro por conta própria e obteve enorme sucesso. Mesmo com toda a pressão dos órgãos de repressão dos EUA, seus livros chegaram a vender 80 milhões de exemplares.
Como bom militante comunista contribuiu com o Daily Worker, jornal publicado pelo Partido Comunista dos EUA. Sua obra ficcional abordou histórias reais e de enorme relevância política e social. Seu romance Sacco & Vanzetti, por exemplo, narra as últimas horas dos operários italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, executados na cadeira elétrica por um crime que não cometeram. Um sapateiro e um peixeiro, ambos imigrantes e anarquistas, condenados à morte sem que uma única prova constasse nos autos dos seus processos em 1927 nos EUA.
No relato autobiográfico The Naked God: The Writer and the Communist Party de 1957, Howard Fast expôs os motivos que o fizeram a romper com o Partido Comunista, controlado pela burocracia stalinista da URSS.
Na contramão da perspectiva trotskista expressa no Manifesto da FIARI (que chamava à construção de uma Federação Internacional da Arte Revolucionária e Independente), a burocracia stalinista impunha um controle férreo sobre a liberdade criativa dos escritores comunistas.