Durante as eleições municipais, o Partido da Causa Operária, seguindo sua tradição marxista, mantém uma política de luta. Utilizamos as eleições como uma tribuna pelo Fora Bolsonaro e, finalmente, pela revolução socialista, não caindo no cretinismo eleitoral que, neste momento, domina o pensamento da esquerda pequeno-burguesa. Nesse sentido, o PCO, por meio da AJR, apresenta dezenas de candidaturas jovens, demonstrando o caráter verdadeiramente progressistas e revolucionário que o Partido defende na prática.
Maya da Silva Bastos, de 18 anos, é uma dessas candidaturas que, em meio à crise política pela qual estamos vivendo, convoca todos os companheiros a se mobilizarem em torno das reivindicações da classe operária. Representa o programa do Partido para a juventude durante este período, levando em frente a luta que a AJR tem feito ao redor de todo o Brasil.
Confira abaixo, na íntegra, entrevista que este Diário fez com a companheira Maya:
Diário Causa Operária: antes de tudo, você poderia nos contar como entrou no PCO?
Maya: Bom, entrei quando tinha por volta de 13 e 14 anos. Comecei a participar mais da vida política, pois meus pais já são do partido. Então, sempre fui muito próxima do Partido e da política do Partido desde pequena. Me aproximei ainda mais, querendo mesmo militar, quando começaram as jornadas lá de junho de 2013, com as grandes manifestações do período. Comecei a acompanhar mais como elas aconteciam, o que estava acontecendo, e comecei a participar mais da vida política do Partido. Entrei no PCO e comecei realmente a me dedicar ao partido com os meus 14 anos, na época do impeachment da Dilma, da luta contra o golpe. Foi quando realmente comecei a militar.
Diário Causa Operária: e qual a sua função dentro do Partido?
Maya: Assim como todas as outras pessoas, sou militante, ou seja, desempenho todas as funções básicas: vender jornal, pagar mensalidade, participar de uma célula etc. Além disso, atuo na juventude do partido, faço parte da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) e organizo, no Centro-Oeste, o Comitê de Luta Estudantil, que organizou greves no começo desse ano, greves que tomaram um caráter nacional, e estão ativos até hoje. Ademais, coordeno a regional da juventude da mesma região em conjunto com a companheira Marília (candidata do PCO à prefeitura de Belo Horizonte) que está aumentando cada vez mais. Afinal, a tendência é que a juventude cresça e passe a participar cada vez mais da luta política, e essa participação tende a ser num partido como o PCO: um partido revolucionário, um partido de luta, não num partido eleitoreiro como conhecemos vários outros.
Diário Causa Operária: durante a pandemia, vimos a juventude ser atacada de todos os lados pelo governo golpista de Bolsonaro. Qual é a política da AJR para as questões como o EAD, a volta às aulas presenciais; e onde esse Comitê de Luta Estudantil entra dentro de tudo isso?
Maya: a política da AJR quanto a esses ataques do governo golpista para a educação é justamente a alternativa de luta. É justamente aí que o Comitê entra: nossa proposta é a de organizar comitês em todos os lugares que a juventude marca presença, tanto a juventude estudantil como também a juventude operária. O comitê é uma organização com base na AJR, porém uma organização muito mais ampla, onde podem ter companheiros de outros partidos da esquerda. É como se fosse um conselho de bairro, uma organização popular, onde as pessoas daquela categoria conseguem atingir as suas reivindicações. Porém, aí que está o ponto. Ao invés de deixarmos o movimento morrer assim que ele surge, como faz a esquerda geralmente, o Comitê leva a política do partido, uma política de luta, uma alternativa revolucionária para a crise. Por exemplo, quanto a questão do EAD e da volta às aulas: enquanto todas as alas da esquerda estão paralisadas, o Comitê organiza atos, greves e, finalmente, a mobilização da juventude como um todo. Até porque a juventude operária é um setor muito atacado da sociedade. A gente vê que a maioria dos ataques trabalhistas começam pela juventude trabalhadora. A carteira verde e amarela, os salários baixíssimo sempre vão para a juventude com o pretexto de que a juventude não tem experiência para fazer o trabalho. Ou seja, a juventude é atacada tanto no trabalho quanto no estudo, principalmente com essa questão do EAD que não serviu pra nada, pois, ao invés de uma educação minimamente decente, o pessoal teve que assistir vídeo-aulas no YouTube. E, mesmo com esse ataque descarado, alas da esquerda continuam defendendo o EAD, como se fosse uma alternativa à situação, o que é uma mentira. Historicamente, a juventude não aceita migalha, ela luta para receber o que ela merece. Muito pelo contrário, a juventude é revolucionária por não se acomodar diante as migalhas que o capitalismo dá pra ela. A esquerda, nesse momento, faz o papel oposto, fazendo a juventude se acomodar. Um exemplo da combatividade da juventude são os atos deste ano, que começaram com as torcidas organizadas mas, principalmente, pela juventude. Por isso que o papel da AJR é um papel muito importante, pois é a AJR que organiza a juventude dentro dos comitês na luta revolucionária, pelo Fora Bolsonaro e contra os ataques golpistas. Finalmente, a AJR agrupa a juventude em volta da revolução. Como Lênin falava, revolução é coisa de jovem. É justamente a juventude que vai levar a frente a política acertada para o momento, e não o velho bolchevique acomodado. No final, a política da AJR para todos os ataques é a mobilização, sendo contra qualquer tipo de migalha dada pela burguesia, diferentemente da esquerda pequeno-burguesa que, neste momento, está dividida em duas alas: a que já aceitou a volta às aulas e a que a nega. Ou seja, enquanto a esquerda está entre esses dois pólos, o PCO está tentando organizar a greve estudantil.
Diário Causa Operária: sobre essa questão da esquerda. Qual a análise que a AJR faz sobre a atuação da UNE e da UBES nesse período?
Maya: Neste momento, a atuação da UNE e da UBES é nula. São centrais estudantis que, neste período, não servem para nada. Não estão fazendo o mínimo que é organizar um ato decente. O que a UNE faz é defender o EAD, colocando ser uma alternativa para a pandemia, e defender os golpistas, não levando a juventude às ruas, substituindo a mobilização por coisas como “tuitaços”. Ou seja, o papel da UNE e da UBES é um papel contra revolucionário, um papel que trava a juventude. Praticamente não estão existindo na situação política atual.
Diário Causa Operária: como o PCO lê a participação da juventude dentro das eleições?
Maya: as eleições são extremamente antidemocráticas para a juventude. Mesmo que um jovem consiga se candidatar, sempre vem a mesma história que falei anteriormente de que a juventude não tem experiência. A juventude é o setor que mais sofre com as eleições porque os órgãos que organizam a juventude, em época de eleição, se viram somente para as eleições. Os partidos que se dizem super jovens, que colocam a juventude como revolucionária, nas eleições, para atrair os jovens, jogam Among Us, como o Boulos fez. Ou seja, ao invés de entender que a juventude é politizada, adotam a política de que a juventude é burra, que só consegue pensar em jogar jogos no celular. Além disso, a juventude não tem direito de escolher nas eleições. Ao fazer campanha eleitoral para alguns partidos de esquerda, são tratados como burros de carga, votando obrigatoriamente em determinado candidato ou distribuindo santinhos de candidatos que pouco tem a ver com as questões da juventude, não podendo colocar suas reivindicações durante o processo eleitoral. O que o PCO faz é justamente dar uma alternativa à juventude. Levamos a juventude às ruas para chamar o Fora Bolsonaro, pra chamar a candidatura de Lula em 2022, para fazer uma campanha eleitoral de partido, por um programa, e não para uma pessoa específica. Em geral, a juventude é muito excluída das eleições, não tem nenhum tipo de participação. O Partido preza por candidaturas da juventude exatamente porque isso demonstra um caráter muito mais revolucionário do partido. O Partido forma a sua juventude politicamente e coloca a juventude para mostrar a política do Partido e levar a frente a política revolucionária, e não estagnar a juventude na ignorância. Nos partidos eleitoreiros, quem manda são os velhos, quem já tem dinheiro e influência política. A juventude costuma sair candidata para preencher buraco. Já no PCO não. Como não temos esses interesses burgueses, tampouco essa burocracia eleitoreira dentro do partido, colocamos justamente a juventude para discutir o nosso programa.
Diário Causa Operária: por fim, que mensagem você deixa pra juventude nesse período de crise?
Maya: como já disse anteriormente, a revolução é feita pela juventude. Então, chamo a juventude de todo País a se mobilizar, a se organizar no PCO e a lutar com a gente pelo Fora Bolsonaro, pela candidatura do Lula e, finalmente, pela revolução. Somos nós quem faremos o futuro, somos nós quem teremos o ânimo e a política para fazer a revolução e para mudar o mundo. Nesse sentido, esperamos que todos os companheiros jovens se juntam a essa luta com a gente.