Diário Causa Operária: Boa tarde, companheiro Matheus. Estamos dando sequência às entrevistas de candidatos da juventude do Partido da Causa Operária (PCO) com você, que é candidato a vereador em São Paulo. Como foi o seu processo de incorporação ao Partido?
Matheus Leão: Orbitei o PCO por alguns meses desde que o conheci, durante as eleições de 2018, inicialmente através da sua imprensa, da Causa Operária TV, assistindo cada vez mais dos seus programas, visitando o Centro Cultural Benjamin Péret de São Paulo para assistir a Análise Política da Semana presencialmente. Uma coisa levou à outra e acabei me tornando militante do PCO em junho de 2019.
Diário Causa Operária: Você também é militante da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), a organização de juventude do Partido, não é? Você já entrou no PCO incorporando-se também à AJR?
Matheus Leão: Sim. No PCO, nós somos encorajados a integrarmos pelo menos um dos coletivos do Partido, dentre os coletivos de negros, mulheres, jovens, artistas e o coletivo sindical. Como são diversos, quase todas as pessoas podem se enquadrar em algum deles.
Diário Causa Operária: O Partido está repleto de jovens participando ativamente do processo eleitoral. Como você está vendo este processo?
Matheus Leão: A juventude é um setor da população que é facilmente mobilizado, por ainda dispor de certa liberdade em relação à vida nesta sociedade. O PCO, com suas posições posições políticas, atrai muitos jovens, o que resulta nas nossas diversas candidaturas de elementos da juventude, o que é excelente.
Diário Causa Operária: A juventude está passando por certos desafios neste momento. Você pode dar uma palavra sobre alguns dos mais destacados destes?
Matheus Leão: O principal assunto é a volta às aulas, uma política de genocídio que os governos vêm levando adiante em aproximações sucessivas, sempre confrontados com a oposição de quase toda a população – exceto a dos capitalistas. O grande capital financeiro, cujos interesses são afetados de forma significativa pela paralisação do ensino presencial, procuram impor, por um lado, o seu retorno, e por outro, a sua substituição pelo ensino à distância, uma alternativa precária e rebaixada que é usada como ponta de lança para encaminhar a privatização do sistema educacional, também muito desejada pelos monopólios da educação e pelos banqueiros.
Diário Causa Operária: Também temos visto, no último período, a questão da militarização das escolas. Você mesmo é de São Paulo, onde estamos vendo um impasse com a questão da militarização das escolas, sendo que em outros estados este processo está bem mais avançado. Você teria alguma coisa a destacar sobre esta questão das ditas escolas cívico-militares?
Matheus Leão: As ditas escolas cívico-militares são mais um ataque às condições dos estudantes dentro das escolas. Como se não bastassem os diversos ataques às políticas de permanência estudantil e ao ensino público em geral, agora os estudantes das escolas que foram militarizadas precisam conviver com agentes das forças de repressão, do Exército, da Polícia Militar, dentro das escolas. Nós sabemos bem o que fazem com a população estas pessoas, em especial os membros das forças policiais. Longe de ser algo diferente nas escolas, as denúncias de violência e até de abuso sexual destes agentes já são comuns nas escolas militarizadas de diversos estados.
Mais em relação às universidades, a AJR promove a campanha pelo governo tripartite nas instituições de ensino – que elas sejam realmente dirigidas pelas pessoas que estão envolvidas no seu funcionamento, pelos funcionários, pelos professores e, especialmente, pelos estudantes, que são a maioria e cuja representatividade na administração das instituições sempre foi atacada.
Diário Causa Operária: Como você tem desenvolvido isto na campanha – tem focado neste aspecto da juventude? Como tem sido este trabalho?
Matheus Leão: Nós fazemos uma campanha unificada, de partido, envolvendo todas as frentes de luta em que nós nos colocamos. No meio estudantil, temos promovido campanhas de agitação através, em particular, do Comitê de Luta estudantil de São Paulo – formado através da intervenção dos militantes da AJR -, como principal mecanismo da nossa intervenção junto às universidades e aos estudantes que moram nos alojamentos das universidades, que têm sofrido diversos ataques, não recebendo os auxílios de que são beneficiários adequadamente.
Diário Causa Operária: Algumas palavras para finalizar a entrevista, destacando possivelmente a importância da participação da juventude? Temos visto que ela diminuiu muito no último período de forma geral, embora no PCO ela tenha sido muito mais ativa do que na maioria dos partidos.
Matheus Leão: Em relação ao movimento estudantil que domina o cenário político na maioria das universidades e escolas secundaristas, é muito claro que os seus representantes desapareceram, estão em casa e não têm a capacidade ou a intenção de mobilizar os estudantes no sentido da luta contra os diversos ataques que estamos descrevendo aqui. A intervenção da nossa organização de juventude é importantíssima neste sentido. Fica claro para nós, quando nos colocamos no sentido de denunciar a situação e mobilizar os estudantes, dos mais atingidos aos nem tão atingidos mas que estão atentos a onde vai esta situação, que a reação é muito positiva – os estudantes se encontram desamparados pelo movimento estudantil, cujos representantes sumiram da face da terra. Daí a importância de levarmos adiante a nossa campanha entre a juventude.