A luta das torcidas contra o fascismo irrompeu nos últimos meses, vários coletivos de futebol e torcidas estão se organizando e atuando contra o fascismo por expulsá-los das ruas, fazendo-os voltar para o ralo de onde não deveriam ter saído e ao mesmo tempo lutando contra a pandemia na ajuda as populações necessitadas e excluídas. Exemplos já são vários, como o do Palestra Sinistro, da Democracia Corintiana, e de muitas outros movimentos pelo país. Exemplos que devem ser seguidos por todas as outros coletivos e torcidas populares e antifascistas do Brasil.
As lutas que nesse momento estão voltando às ruas, no caso das torcidas, logo voltarão também aos estádios, se a pandemia terminar. Nesse sentido, através da carta que a seguir reproduziremos, se coloca com toda razão e necessidade as reivindicações levantadas. A começar pela luta contra o futebol “moderno” que se expande para beneficiar o lucro dos capitalistas enquanto expulsa o povo e a classe trabalhadora dos estádios, roubando mais esta festa popular. Os preços dos ingressos e dos programas de sócio – torcedor em sua esmagadora maioria é para escolher como público apenas uma “elite”, da classe média abastada à burguesia, expulsando o povão dos estádios. Esta política anti povo já vem de longe, como o fim das gerais nos estádios, a proibição das bandeiras em várias regiões do país, como no sul e sudeste, com suas novas arenas, a repressão das polícias às torcidas organizadas embasada pelos órgãos golpistas da justiça brasileira como os ministérios públicos, juizados e tribunais que atuam de maneira a favorecer o capital.
Não bastasse isso, ainda querem tirar o povo das ruas, como vemos nas manifestações contra o fascismo, onde justiça e repressão atuam a favor dos setores burgueses, protegendo os fascistas e atacando os trabalhadores, como no caso mais recente da repressão aos torcedores na Paulista durante manifestações anti fascistas. Exemplo famoso também retratado na carta do companheiro a seguir é o caso da repressão à torcida do Palmeiras impedida de entrar na rua Turiassu, localizada em frente a Arena Palestra Itália (esse deveria ser o nome ou outro escolhido pela torcida), reduto de aglomeração, festa e apoio da torcida ao clube.
Então vamos à carta:
“Eu tenho uma posição (que me fortalece e mata ao mesmo tempo); o último jogo que eu assisti do verde em casa foi justamente o último antes da modernização, Palmeiras x Grêmio. Desde então nunca mais pisei na minha casa.
O meu protesto contra a modernização é esse!
Não tem a menor condição de eu um periférico assalariado fazer um plano de sócio para assistir uma partida de futebol do meu clube. E fica pior ainda, pois não pude e não posso levar adiante com meus filhos aquilo que meu pai fez por mim.
O valor do plano é o mesmo que eu pago no convênio dos meus filhos, por exemplo.
Eu não posso fazer essa troca. E ao mesmo tempo me martirizo por não ter o privilégio de estar no campo com meus filhos.
A minha luta aqui com vocês também passa por isso. Muitos de nós também deixaram de acompanhar o time por questões financeiras e o bloqueio da rua colabora e muito para esse afastamento.
Cresci nos ombros do meu pai na Turiassu e no concreto das arquibancadas do Palestra. Vivi de perto a democracia verde nas ruas; Um dia meu pai me olhou nos olhos no meio da Turiassu e disse:
– Filho, está vendo esse povo todo aqui? Eles são a sua família, aqui nós defendemos o verde e o branco.
Isso com toda certeza me forjou o palmeirense que sou. Mas infelizmente esse direito me foi tirado.
Luto e lutarei por um Palmeiras democrático e para o povo.
Luto pelo direito de assistir o meu primeiro amor, junto dos meus amores.
Palmeiras para o povo!”
André dos Santos Sousa (Dézão)- Movimento Palmeiras Sinistro
Nossas páginas e nossas ações estão em apoio as lutas de todas as torcidas que defendem o direito dos trabalhadores, das mulheres, dos negros, da juventude e demais setores oprimidos contra a exploração capitalista em todas as suas formas, o futebol é do povo.





