A resposta para a pergunta que está no título desse artigo poderia ser respondida simplesmente assim: “a direita não quer as bandeiras vermelhas dos partidos de esquerda nas manifestações”.
Mas é preciso explicar por que, mais ainda, é preciso explicar para aqueles que ainda não aprenderam com a experiência política recente no País.
Horas antes e pouco depois do ato convocado pelo chamado “movimento Somos Democracia”, a Folha de S. Paulo e outros jornais golpistas publicaram matérias destacando que “Movimentos pró-democracia resgatam amarelo como símbolo” (Folha de S. Paulo, 27/6/20).
Algum ingênuo poderia afirmar que a posição dos jornais da burguesia era mera “coincidência” com a discussão presente no movimento sobre a proibição de levantar bandeiras de partidos nos atos, partidos da esquerda, obviamente.
Em política não há coincidência. Conscientemente ou não aqueles que aparecem como organizadores e líderes do “Somos Democracia” estão obedecendo a política da direita.
Por trás de toda a explicação com viés esquerdista, está uma orientação da burguesia e da direita que agora quer aparecer como defensora da democracia quando na realidade foi a maior responsável pelo golpe de 2016.
Não devemos esquecer, inclusive, que essa mesma imprensa que afirma agora que o “amarelo foi retomado” defendeu o verde e amarelo como símbolo da direita furiosa. Foi assim que colocaram uma escória nas ruas para derrubar Dilma, o que se desenvolveu até a eleição de Bolsonaro.
Os bolsonaristas que saem na rua de verde e amarelo hoje, pedindo golpe militar, ameaçando a esquerda e os “vermelhos” são basicamente os mesmos que estavam nas ruas na época do impeachment de Dilma. Essa escória foi impulsionada pela Folha, Globo, Estadão e toda a direita. Agora, cinicamente, esses mesmos tentam dizer que o amarelo representa a democracia.
Fica claro que o amarelo que está sendo difundido pelo “Somos Democracia” é o mesmo amarelo que a direita e os bolsonaristas usam. Ele tem o mesmo significado político: dar um golpe no povo.
A insistência dos líderes do “Somos Democracia” em impedir que se levem bandeiras da esquerda, inclusive com ameaças veladas dirigidas para dirigentes do PCO, que foi o único partido que enfrentou o absurdo e foi ao ato com suas bandeiras. Tal ameaça se transformou em aviso, inclusive usando a PM como intermediadora, de que o PCO não iria se misturar no ato. O bloco de militantes do PCO com vários companheiros de outras organizações fez seu ato com suas bandeiras enquanto que do outro lado os representantes do “Somos Democracia” se esbaldavam na cor amarela e a azul (lembrando certo partido cujo símbolo é uma ave brasileira de bico comprido e que governa o Estado de São Paulo).
A reportagem da imprensa golpista deixa claro porque as bandeiras vermelhas não podem se misturar com as amarelas: para não estragar a operação direitista.