Está marcada para hoje, em pelo menos seis Estados (RJ, SP, MG, ES, PE e RS), e no Distrito Federal, uma paralisação nacional dos entregadores de aplicativo, expressão da enorme crise do País – aprofundada pela pandemia – que levou centenas de milhares de trabalhadores a serem explorados pelos grandes monopólios dos aplicativos como Ifood, Uber e muitos outros.
Tirando proveito da situação de desemprego, esses monopólios impuseram uma política de bruta exploração, transformando os milhares de entregadores (entre outros setores) em mão-de-obra semi-escrava.
Mesmo com jornada que chegam até 12 horas, há entregadores recebendo menos do que o valor equivalente a um mísero salário mínimo por dia (R$ 35) e sendo obrigados a trabalhar todos os dias, sem folgas e sem direito a nada.
Não há direitos trabalhistas, o que obriga os entregadores a terem de arcar com toda a estrutura para o trabalho (bolsas, equipamentos de segurança do trânsito, bicicletas, motos e sua manutenção). Faltam também a eles segurança em relação ao futuro, em caso de acidentes ou doenças, espaços físicos para que possam descansar e banheiros e locais específicos para sua própria alimentação.
Diante das condições de criação recente da categoria e de sua precária organização (possuem, no máximo, sindicatos de carimbo) e da paralisia da maioria das organizações dos trabalhadores, a mobilização começou de forma espontânea. Envolve, porém, independentemente dos resultados que tenha, milhares de trabalhadores em todo o País, revoltados com a situação e, sem dúvida, é um primeiro passo para uma possível organização sindical da categoria. Ao contrário do que fazem os pelegos e burocratas sindicais que criam sindicatos a partir dos seus interesses e depois – quando são forçados – intervêm em alguma mobilização para negociar em nome dos trabalhadores, aqui está colocada a necessidade de criar uma organização sindical nacional desses trabalhadores para dar continuidade à necessária luta da categoria diante dos problemas atuais.
O piso salarial para motofretista, por exemplo, setor que concentra a maior parte dos “entregadores”, varia entre míseros de R$980 até R$1.300. No entanto, milhares deles sequer conseguem ter 200 reais livres no final de uma semana de trabalho. O seguro de vida, previsto e pago pelas empresas de aplicativo, não garante o tratamento em caso de contaminação por coronavírus.
Os trabalhadores levantaram uma pauta de reivindicações que precisa ser apoiada e que inclui: aumento da remuneração, mais segurança, alimentação durante a jornada de trabalho, licença remunerada em casos de acidente, que eles sintetizaram nos seguintes pontos centrais:
1. Aumento do valor por km;
2. Aumento do valor mínimo;
3. Fim dos bloqueios indevidos;
4. Fim da pontuação e restrição local;
5. Seguro de roubo, acidentes e vida;
6. Auxilio pandemia (EPIs e licença).
A CUT e seus sindicatos devem abrir suas sedes e colocar todos os recursos necessários para a apoiar a greve e a organização da categoria, formada por trabalhadores egressos dos mais distintos setores e cuja luta pode abrir caminho para outros enfrentamentos que se colocaram no próximo período contra os patrões e os governos que querem aprofundar o genocídio em curso.
Todo apoio à mobilização e à organização sindical dos entregados por aplicativos.