Trabalhando com os números oficiais de contaminados e mortos pela COVID-19, a imprensa burguesa vem fazendo uma série de análises que servem apenas para confundir a população. Queda, estabilização, leve alta… uma série de interpretações que no final deixam escapar o essencial.
No Brasil governado por um fascista e capacho do imperialismo estadunidense se repete um problema que aparece por todo o mundo, a subnotificação dos casos. Descrever as pequenas oscilações a partir dos números oficiais, neste cenário, é um exercício muito superficial. Além de não expressar a situação real, servem para justificar explicações fictícias sobre o avanço da pandemia.
Em uma destas falsificações, entre abril e o começo de maio os monopólios da imprensa publicaram diversas matérias citando infectologistas que afirmavam que a quarentena havia achatado a curva de contágios em São Paulo. Neste momento, surgiram os “heróis do povo”, os “governadores científicos”. Entre eles, fascistas como Wilson Witzel e João Dória.
Parte da imprensa de esquerda chegou a reverberar esta explicação, fazendo coro ainda com a culpabilização da população que não estaria respeitando a sagrada quarentena. Um erro no mínimo duplo, analisar números que não representam a realidade e considerar que a quarentena foi uma opção real para a maioria da população.
Seguindo pequenas oscilações nos números oficiais do governo do estado de São Paulo, o site G1 (da Rede Globo) assinalou que a média de mortes e contágios havia caído na primeira metade do mês de junho. Um claro apoio ao governo BolsoDória que ampliou a abertura econômica desde o início do mês.
Ainda baseado nas mesmas fontes, o site teve que admitir que a partir desta semana os óbitos relacionados à COVID-19 aumentaram, com quebra de recordes em dois dias seguidos, 16 e 17/06. A alarmante sequência foi convenientemente quebrada por uma falha no sistema e-SUS.
Um site da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP estimava em abril a subnotificação em 93,36% dos casos de COVID-19 no Brasil. A metodologia utilizada levou em consideração o caso sul coreano, onde foi aplicada a testagem massiva da população, para determinar a taxa de letalidade padrão. A partir do número de óbitos oficiais, realizaram o cálculo da subnotificação de casos, aqueles que foram infectados porém não testados.
Este levantamento, que aparentemente foi descontinuado, ignora ainda os óbitos não testados. Teriam que ser incluídas várias causas de morte que tiveram elevado crescimento no período atual, como insuficiência respiratória e pneumonia, entre outros que acabam não entrando para os números oficiais de óbitos por COVID-19 por falta de testagem.
O fato é que a estratégia de combate à pandemia baseada apenas na quarentena da classe média foi um fracasso e isso era bastante previsível já em março. O PCO denunciou praticamente sozinho que confiar nos governos da direita era uma estratégia suicida e pode-se ver que deixou a esquerda pequeno burguesa completamente perdida na luta política.





