Os trabalhadores brasileiros, em sua maioria esmagadora, jovens, são um dos mais atingidos pela crise econômica aprofundada pela pandemia, pois estão tendo que abandonar sua formação superior, o que os deixa mais distantes da qualificação profissional necessária.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) indica que 42% dos estudantes do ensino superior, no setor privado, está prestes a desistir de seus cursos por consequências geradas pela pandemia. A maior queixa dos estudantes é a impossibilidade de pagar. Destes, 60% alegam ter sido demitidos durante a pandemia, enquanto outros tiveram sua renda drasticamente afetada de alguma maneira. A evasão dos estudantes nas faculdades particulares está crescendo ano a ano e durante a pandemia se aprofundou de vez.
Sendo obrigado a aceitar que os trabalhadores precisam do isolamento diante de cerca de 45 mil mortes, o governo Bolsonaro, para fingir que está tentando solucionar o problema, aprovou um projeto de lei que permite aos estudantes o desconto de 40% na mensalidade do ensino superior. É claro que isso não tem funcionado.
O Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), órgão que presta serviço às instituições privadas de ensino superior, divulgou que o atraso no pagamento das mensalidades até o mês de abril tinha sido superior em 75,8% nos cursos presenciais, em comparação ao mesmo período do ano passado aumentou. A entidade calcula que 30% das universidades particulares podem fechar as portas por conta da crise. Uma verdadeira catástrofe.
O fato é que uma crise capitalista, levada à cabo pelos próprios capitalistas, nos mostra como a direita age até com seus aliados de governo. Os empresários do ensino superior privado no Brasil fazem parte do grupo de financiadores da direita e de toda a política de massacre e retirada de direitos dos trabalhadores. Além disso, são responsáveis pela política da direita de destruição do ensino público superior através do corte verbas, corte de bolsas de auxílio, diminuição de vagas dos cursos. Isso faz com que os filhos dos trabalhadores pobres estejam destinados a pagar por aquilo que já têm direito, enriquecendo os abutres do ensino privado, aliados do governo Bolsonaro.
É preciso denunciar, no entanto, que o peso sempre há de cair para a classe trabalhadora, ou para os filhos dela, que são um grupo ainda mais vulnerável. Ao tentar se qualificar para ter alguma chance no mercado de trabalho, se deparam com as mais adversas situações.
É necessário destacar que esse não é um fenômeno produzido pelos problemas da pandemia, mas é escancarado, e aprofundado por ela. Distanciar os filhos da classe trabalhadora pobre da universidade pública, que são disparadas as melhores do país, é de fato um objetivo do governo da direita. Não é acidente ou consequência fruto da precariedade, o objetivo concreto é abarrotar os empresários de dinheiro, jogando os jovens trabalhadores para enriquecer os empresários da educação superior privada.