Mario Téllez Restrepo, ex-combatente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), foi assassinado na segunda-feira, 15/06, na localidade de Tibú, departamento Norte de Santander.
Téllez Restrepo, que se dedicava à agricultura desde a desmobilização das FARC em 2016, foi morto a tiros, deixando seus três filhos órfãos.
Com ele o número de mortes violentas de ex-combatentes das FARC depois do acordo de paz de 2016 chegou a 200. Personalidades dentro e fora da Colômbia se manifestaram contra essa onda de assassinatos políticos. Entre eles estão o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que pediram ao governo colombiano que resolvesse esse problema. Tudo em vão, pois o governo de Iván Duque é o grande responsável por esse ambiente propício na Colômbia para o assassinato de quem era das FARC.
Não apenas ex-membros das FARC tem sido assassinados, mas líderes sociais, defensores de direitos humanos, camponeses, comunidades indígenas e afrodescendentes na Colômbia tem sido vítimas diretas da violência gerada por grupos armados irregulares.
Desde que foi ratificado o cessar-fogo entre as FARC e o governo colombiano em 2016, o número de mortos entre os camponeses e aqueles que os apoiam não para de crescer. O cessar-fogo era condicional, e uma das condições – a principal – é a deposição das armas pelas FARC. O problema é que o estado colombiano continua armado e, quando é para eliminar quem se opõe à sua política ditatorial e direitista, deixa o caminho aberto para que os grupos paramilitares façam o serviço sujo. Se esses grupos atuam sob ordem direta do governo ou não pouco importa, já que a falta de proteção por parte do estado é suficiente para que esses grupos cometam seus crimes. Isso é o que configura uma ditadura, entre outras coisas, pois quem se opõe a ela pode ser eliminado de forma totalmente ilegal.
Apenas lembrando, no ano de 2019 inteiro o número de mortes de camponeses e líderes comunitários chegou a 86.
Em 2020, até meados de fevereiro, 51 pessoas já haviam sido assassinadas por motivos políticos. Destaca-se em fevereiro de 2020 a descoberta em um cemitério no município de Dabeiba de uma vala comum com 10 corpos de pessoas executadas, sendo um deles pertencente a uma criança de 10 anos.
A conta atualizada dos membros das FARC assassinados apenas nos dois primeiros meses deste ano é de 14 pessoas.
Esses são apenas alguns exemplos. O fato é que está havendo uma escalada na brutalidade da ditadura colombiana, já que nos dois primeiros meses deste ano já se atingiu o número de assassinatos políticos de todo o ano de 2019, o que significa que esses assassinatos tem sido – na média – diários.
No contexto da maior crise econômica do modo de produção capitalista agravada pela pandemia do coronavírus, o fascista Iván Duque só sabe intensificar as violações dos direitos humanos, algo que a Colômbia é campeã há anos. Como qualquer governo neoliberal, o seu é incapaz de fazer qualquer coisa que não seja arrancar do povo para dar aos capitalistas. E como não há praticamente nada mais para se tirar dos explorados colombianos, a revolta destes é imediata, e a reação violenta de seus algozes também. E essa reação não tem freio – ainda! – porque uma das forças contrárias – as FARC – está desarmada.
O remédio para a Colômbia é o mesmo que precisa ser aplicado no Brasil no que diz respeito ao fascista Bolsonaro: a derrubada do governo de Iván Duque pela mobilização popular e a sua substituição por um governo dos trabalhadores.