Este Diário Causa Operária já destacou em diversas matérias o papel de Ciro Gomes no cenário político brasileiro. Um dos mais tradicionais cavalos de troia infiltrados na esquerda, com atuação desde fins dos anos 1970. O oligarca disfarçava sua natureza política profundamente reacionária, devido a necessidade da burguesia em ter alguém apto a espalhar confusão no meio da esquerda e manter influência sobre o campo, especialmente sob os setores pequeno-burgueses. Contudo, o desenvolvimento da luta de classes mudou a situação de maneira muito drástica, levando o político burguês a uma profunda bolsonarização, tanto nos posicionamentos quanto no método.
Conforme denúncia recente por jornalistas do Brasil 247, toda a prática tradicional do bolsonarismo vem sendo desenvolvida pela claque cirista. Em rápida pesquisa nos mais diversos mecanismos de buscas na internet, não é difícil encontrar referências ao oligarca como “mito”, o tradicional óculos escuro e diversos outros elementos muito característicos da propaganda pró Bolsonaro.
Contrastando com sua tradicionalmente inexpressiva votação, uma militância digital tão expressiva quanto suspeita tem se dedicado a reproduzir toda sorte de lixo propagandístico, cuja cópia do bolsonarismo vai além da mera estética de gosto duvidoso, passando mesmo para o campo dos ataques difamatórios e caluniosos, voltados especialmente ao ex-presidente petista.
Alvo tradicional e de longa data do filhote do PDS (partido da ditadura), a dedicação dispensada pelo ativismo digital cirista a Lula leva qualquer pessoa normal a se questionar se a campanha de Ciro foi informada de que o petista não é mais presidente desde 2010 e que o atual, cuja política tem se revelado um genocídio, chama-se Bolsonaro.
A radicalização crescente da política nacional, produto natural do desgaste do regime, obrigou a burguesia a atacar o ex-presidente Lula com a máxima virulência possível, o que trouxe uma acentuada guinada à direita para o mais ilustre membro de uma das mais antigas oligarquias de Sobral (cidade do interior cearense). Claro, não há coincidência alguma aqui. Contudo, é de se destacar o grau em que esta guinada se deu, especialmente após o golpe de 2016.
Nesse sentido, a campanha de Ciro Gomes revela-se não como parte de um processo meramente eleitoreiro, mas efetivamente político, inserido em uma situação de acentuado acirramento da luta de classes. O político acaba revelando também o que sempre foi, um Bolsonaro que sabe conjugar o verbo “propor”. Ciro Gomes está nu.