Em matéria recente publicada no portal UOL/Folha de S.Paulo, acadêmicos e políticos declararam que todos acreditam que o povo vai ocupar as ruas devido à crise na economia. Foram consultadas lideranças dos partidos PSDB (FHC), PSL (Senador Major Olimpio), PDT (Ciro Gomes), Movimento Estamos Juntos(Luciano Huck), PCdoB (Governador do Maranhão Flávio Dino e Deputada Perpétua Almeida do Acre), PT (Senador Humberto Costa e Lula), o professor da faculdade de sociologia da Unicamp Matheus Gato, o professor de Teoria Política da Unesp, Marco Aurélio Nogueira.
Não poderíamos esperar outra coisa, que com as crises econômica e a pandemia o povo iria invariavelmente às ruas. Mas o que justifica esse ato, que em última análise reflete a necessidade de sobrevivência?. Ao contrário do que diz a mídia oficial, que sempre acusa a rebeldia de vandalismo e terrorismo e não explicam os motivos reais, a explicação é outra.
Fato é que durante as crises e mesmo fora delas, a classe que paga a conta é sempre a mesma, os trabalhadores. Durante as crises a concentração da renda se torna exponencial, fora da crise se mantém em níveis menos perceptíveis a olho nu, mas existem.
As estatísticas da ONU mostram que a renda dos 1% mais ricos aumentam e atingem cerca de 50 a 60% da renda total do planeta. Mesmo durante a crise que se iniciou em 2008. Com as crises aumenta o desemprego, que hoje atinge níveis iguais da crise de 1929, e consequentemente a queda da renda do trabalho, gerando mais fome e miséria.
A política adotada para sair da crise tem sido a do neoliberalismo, que corta gastos do governo com políticas sociais e atingem diretamente os trabalhadores. As privatizações, que vendem barato as empresas públicas, reduzindo a arrecadação do estado ao mesmo tempo que transferem recursos para os empresários.
E por outro lado destinam trilhões às empresas e bancos para preservar o patrimônio privado da elite. Transferem dinheiro público para o capital, a conhecida operação Robin Hood ao contrário. Tira dos pobres para dar aos ricos.
Com essas perdas de renda, vem a fome, o corte de água, de luz, o despejo e não resta outra coisa a fazer senão ir para a rua protestar e mostrar a realidade angustiante que estão passando. Querem com isso reaver condições mínimas de vida e não fazer baderna, vandalismo e terrorismo como repetem exaustivamente toda a imprensa.
Povo nas ruas acende a luz para as elites, que começam a sentir o medo de que as revoltas progridem para a revolução. E então começam a tomar suas providências. Usam as mídias da televisão e a escrita, condenando as manifestações como atos de vandalismo. Usam a polícia para reprimir e dispersar os manifestantes com balas de borracha e bombas.
Por outro lado, usam a política como um dos recursos para acalmar o povo, fazendo com que aceitem a situação pacificamente. Nesse sentido uma muito utilizada é a da frente ampla, que envolve principalmente as lideranças dos trabalhadores tentando esfriar o movimento.
A experiência com frentes populares já mostraram que favorecem a direita. Isso ocorreu na França, Espanha, Itália e até mesmo recentemente no Brasil, com a frente popular nas diretas já e que agora ensaiam outra, incluindo os partidos que apoiaram o golpe de estado contra a presidenta Dilma Rousseff, e depois apoiaram a candidatura do Jair Bolsonaro.
O resultado tem sido sempre de governos tampão amenizando os efeitos para o povo, e garantindo a continuidade da exploração do capital sobre o trabalho, sobre bases piores que antes das manifestações.
Como a direita sabe que essas crises não tem tempo certo para acabar, receiam que as manifestações acabam em revolução. Usam os recursos que podem para conter a vontade do povo de acabar com esse regime que promove tantas desigualdades, fome e miséria como nenhum outro na história.