Manifestações explodiram no mundo todo após milhares de pessoas assistirem o vídeo de um homem negro norte-americano ser assassinado cruelmente por um policial branco. No calor destas manifestações, estátuas de genocidas e escravocratas estão sendo destruídas durantes os protestos. Claro que não condeno nenhuma manifestação popular contra os opressores. Porém, aqui no Brasil, o debate pela derrubada de estátuas não analisa qual a verdadeira consequência disto para a luta dos oprimidos.
No Brasil, alguns elementos pequeno-burgueses do movimento negro, influenciados pelos manifestantes estrangeiros, formularam uma lista de monumentos e estátuas que poderíamos derrubar no Brasil para supostamente acabar com o racismo no nosso País. O que me chama atenção, é que a lista apresenta principalmente, monumentos que contam sobre o desenvolvimento histórico do Brasil, que de fato não é um passado muito bom para os oprimidos como os negros e índios, assim como o presente ainda não é, mas o nosso passado precisa ser lembrado e estudado, e destruir monumentos não muda o passado e nem tem resultados significativos para o presente e futuro dos oprimidos.
Outra coisa que gostaria de destacar é que nos locais onde estátuas estão sendo destruídas, grandes atos estão ocorrendo há dias. E estes monumentos não são os alvos principais dos manifestantes e sim a polícia. Delegacias foram atacadas e viaturas foram totalmente destruídas por fogo ou pedradas. Acertadamente, estes manifestantes antirracistas estão atacando o principal braço repressivo do Estado burguês responsável pela mortes de milhares de negros, imigrantes e trabalhadores.
No Brasil, quase 1 milhão de pessoas -maioria negra- estão presas em prisões que são verdadeiros infernos na Terra, lugares totalmente insalubres, superlotados, verdadeiros campos de concentração. Nas delegacias, ocorrem torturas contra detidos e é pelas viaturas que os policiais chegam nos bairros pobres causando muito terror e mortes. O fim desta instituição assassina que precisa ser o objetivo do movimento negro e antirracista no Brasil.
Nos EUA, após dias de manifestações radicais, a repressão não aumentou, como alguns ousam argumentar aqui no Brasil contra o desenvolvimento da luta nas ruas brasileiras. Pelo contrário, o governo norte-americano, para conter a revolta popular, tem acatado as reivindicações dos revoltosos pela dissolução da polícia em Minneapolis. E por todo país o debate está colocado: acabar com a polícia para acabar com a violência contra os oprimidos. Um futuro sem repressão burguesa, não é só possível, como pode estar próximo se tomarmos as atitudes consequentes para isto.
E essa luta passa, diretamente, pela derrubada do regime genocida e ditatorial – principalmente contra os negros – do fascista Jair Bolsonaro. Não há como propor nenhuma dessas medidas sem pedir o Fora Bolsonaro.