A política da repressão do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), ao aplicar o lockdown na cidade, é mais um exemplo da compatibilidade entre o presidente ilegítimo Bolsonaro e o dito “Centrão” (a direita tradicional), setores que apresentam divergências mas estão em harmonia no fundamental, a defesa de interesses dos capitalistas e em especial na disposição a adotarem medidas extremas para conter as revoltas populares, que tendem a explodir com o avanço da crise. Isto se dá principalmente com a manifestação do Fora Bolsonaro no domingo passado, dia 7 de junho, em que tinha cerca de 500 manifestantes.
A medida repressiva começará neste sábado, 13/06, entre 22h30 às 5h. Trata-se de um exemplo muito caro do que já dizia o Mourão, ainda em 2018, sobre “aproximações sucessivas”. Este, que inclusive foi à capital mato-grossense no dia do ato pelo Fora Bolsonaro ocorrido no domingo passado, 7 de junho, para não somente acompanhar a manifestação como também orientar o prefeito golpista Emanuel Pinheiro de conter outras desta. A partir disso, a frase é aplicada. Em primeira medida aplica-se num horário que não há manifestações, mas aos poucos será estendida com o pretexto de combater coronavírus.
Vale lembrar que esta medida repressora é um claro exemplo do total desinteresse dos governos capitalistas de resolver a questão sanitária. Trata-se obviamente de uma política de buscar esconder a situação e não pôr as mãos no bolso para gastar dinheiro público com os trabalhadores, pois a classe dominante se encontra numa grande crise terminal, não somente por conta da pandemia mas também da inevitável crise econômica, que se amplificou mais ainda desde 2008.
Fica evidente que a orientação do prefeito golpista é de conter o inevitável: explosão social. Estão antenados no que vem acontecendo não somente no Brasil, em que está aumentando manifestações pelo Fora Bolsonaro, como também no mundo, principalmente nos EUA, em relação a morte brutal exercida pela polícia norte-americana contra George Floyd. “Eu não posso respirar” não é somente um caso isolado de racismo, mas emblemático de toda a opressão que o capitalismo exerce na classe trabalhadora e dos setores oprimidos. Diante de todos os ataques da burguesia, este caso em Minneapolis foi o estopim contra o neoliberalismo.
Não é por acaso que o prefeito direitista, como uma forma de antecipar e conter as mobilizações populares na cidade-verde, utiliza-se do expediente clássico do capitalismo em crise: o fascismo. Trotski, afirmava na década de 1930 que este instrumento brutal do capital é uma resposta dura contra as inevitáveis revoltas. Esta situação se verifica na opção feita por Pinheiro, cuja política não é de construir hospitais, contratar médicos e enfermeiros, aumentar a frota de ônibus, distribuir máscaras, álcool, fazer obras na infraestrutura sanitária, constuir moradias,… Trata-se unicamente de redimir a burguesia e reprimir o povo. É preciso que a resposta seja à altura, que a população cuiabana, estudantes e trabalhadores, se organizem em comitês de luta, por “Fora Emanuel Pinheiro” e “Fora Bolsonaro” para impedir a política direitista do prefeito leve a uma mortandade, que fatalmente recairá sobre os pobres.