Veio a notícia, no meio desta semana, que o pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, e sua Frente Povo Sem Medo, fizeram um acordo com o Justiça golpista e a PM fascista do Estado de São Paulo para entregar a Avenida Paulista para a direita.
Segundo o acordo, haverá um rodízio de atos aos finais de semana na avenida. Neste final de semana, a esquerda ocupará o local. No seguinte, será a vez da direita bolsonarista.
Trata-se de uma gigantesca traição do movimento popular de luta pelo Fora Bolsonaro e contra o fascismo. Boulos disse aos bolsonaristas: fiquem com a Avenida Paulista, as ruas são de vocês.
Em nome de quem Boulos realizou tamanha concessão aos fascistas? O oportunista pequeno-burguês se disse representante do movimento que está tomando as ruas do País pelo Fora Bolsonaro. Mas atua contra esse mesmo movimento ao executar tal ação.
Na realidade, Boulos não tem autoridade nenhuma para fazer o que fez. Sua “liderança” é fictícia, artificial.
No sábado passado, após ter tomado de assalto de maneira ilegítima o movimento de massas que foi às ruas, ele já havia demonstrado o motivo de sua entrada repentina nesse movimento: atendendo à política da frente ampla, de desmobilização popular, dividiu o movimento de massas e deslocou uma parte dos manifestantes para uma região longe do centro da cidade de São Paulo, o Largo da Batata, deixando a Avenida Paulista livre para a meia dúzia de fascistas que se manifestaram em frente à Fiesp.
Agora, novamente, diz encabeçar o movimento, para, justamente, traí-lo de maneira ainda mais vergonhosa.
Os manifestantes antifascistas, as torcidas organizadas, os movimentos populares, os trabalhadores, que estão nas ruas contra Bolsonaro e o fascismo, não querem isso. Querem, porque sentem a necessidade disso, o confronto com os fascistas e os golpistas. Isso foi demonstrado inúmeras vezes, não só em São Paulo, mas em todo o País: quando organizados, os militantes de esquerda e trabalhadores colocam os bolsonaristas para correr. Afinal, as ruas são do povo, não de seus inimigos.
E o que diz Guilherme Boulos? Que as ruas não são do povo, mas sim de seus inimigos. E por isso o povo não pode sair às ruas quando quiser, somente quando a direita permitir. E chegará uma época, se essa política prevalecer, que o povo não poderá mais se manifestar, em nenhum lugar.
Boulos, no entanto, só consegue se passar por porta-voz do movimento pelo Fora Bolsonaro porque a CUT, o PT e os sindicatos permanecem, em grande medida, paralisados. Entregaram a “liderança” do movimento a Boulos.
A esquerda pequeno-burguesa ataca violentamente o PT acusando-o de “hegemonismo”. E uma parcela do PT, acuada, capitula aos ataques. Ora, se um partido ou organização é esmagadoramente maior do que todos os outros, por que deveria abrir mão de seu protagonismo? Nada mais democrático do que o que tem mais apoio ser o líder do movimento. Mas a esquerda pequeno-burguesa, uma esquerda abutre, não quer que o PT e a CUT liderem o movimento popular, pois buscam atrair e canalizar sua base eleitoral.
Daí vêm as acusações de “hegemonismo”.
Boulos, por outro lado, que teve meio por cento dos votos em 2018, ele sim, quer ter a “hegemonia” do movimento. Mesmo não tendo base social nenhuma de apoio.
A campanha de que Boulos seria o líder do atual movimento de rua pelo Fora Bolsonaro é uma campanha artificial para vender uma mentira rasteira. E uma campanha com uma boa dose de propaganda da imprensa golpista, sustentáculo de Bolsonaro, para conter esse mesmo movimento.
Campanha essa impulsionada também por toda a direita tradicional — de Ciro Gomes a FHC. Afinal, ela não quer nenhum movimento de massas, e sim uma solução institucional para o impasse em que o regime golpista se encontra. Esse é o papel de Guilherme Boulos: conter a radicalização das massas, que tendem ao confronto direto com Bolsonaro, os fascistas e todo o regime golpista.
É por isso que Boulos prega que a Avenida Paulista deve ser dividida. Para que o povo não tome conta das ruas.