É incontestável o crescimento das manifestações de repúdio ao governo fascista em todo o país. No final de semana que se encerrou, mais de 30 cidades em todas as regiões registraram atos de protesto contra a violência policial, a negligência do governo no combate à epidemia do coronavírus e principalmente, os atos colocaram em pauta, de forma vigorosa e contundente, o “Fora Bolsonaro”.
Foram poucas as capitais onde os atos não se realizaram. Dentre estas, merece destaque o ocorrido na capital cearense, Fortaleza. O Estado é governado por um representante da esquerda nacional, o governador Camilo Santana, do Partido dos Trabalhadores. O Ceará é um dos estados que registra o maior número de infectados e mortos pela Covid-19, com 3.188 óbitos e 50.504 casos confirmados.
No domingo, quando muitas cidades do país realizavam atos de protesto contra Bolsonaro, a Polícia Militar cearense interveio para impedir a manifestação que estava marcada para acontecer na Praça Portugal, na capital do Estado, Fortaleza. Em pronunciamento no dia 5 de junho, sexta-feira, o governador Camilo Santana se posicionou contra os atos, declarando “que, apesar de ‘apoiar o engajamento de brasileiros em defesa da democracia’, não pode deixar de ser ‘absolutamente contra a realização de quaisquer atos nas ruas neste momento grave de pandemia’. “Destacou ainda que vigora no Estado decreto que proíbe a aglomeração de pessoas” (O Povo, 7/6).
A PM cearense, sob o comando do governador petista, agiu com a habitual violência, da mesma forma como atua em todo o país, em particular nos estados governados por representantes da direita, como João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ). Na operação de dispersão dos manifestantes, foram realizadas prisões, com 7 manifestantes sendo conduzidos à delegacia, onde foram autuados.
A conduta do governador Camilo Santana, sob todos os aspectos, é absolutamente inaceitável e merece a condenação por parte de todo o movimento de luta dos trabalhadores. Em nota, a CUT estadual protestou contra a intervenção truculenta e arbitrária da PM cearense contra manifestantes que se preparavam para a realização de um ato pacífico.
Não é admissível e muito menos aceitável que em um Estado governado por um representante da esquerda, eleito pelo do PT, partido que vem apoiando os atos em todo o país, utilize o aparato repressivo para impedir a mobilização e a livre manifestação de trabalhadores e populares. É dever da esquerda e seus representantes apoiar a luta da população pobre e explorada em defesa das suas reivindicações. Particularmente neste momento, onde os diversos movimentos de luta em todo o país retomam o protagonismo das ruas, não é cabível a atitude do governador cearense, que deveria estar agindo exatamente no sentido contrário, apoiando e garantindo a realização de manifestações e atos de protesto contra o governo fascista, de extrema direita.