A assessoria do governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou na noite de quinta-feira (28) a criação de uma comissão para discutir a reabertura do comércio no estado. Segundo informações do governo, o fim da quarentena foi discutido por videoconferência com o presidente e diretores da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB).
Rui Costa disse que a comissão, que deve reunir-se esta semana, será composta por secretários da administração estadual e setores do Comércio, da Indústria e da Agricultura. Isto é, com a burguesia e sem nenhum representante dos operários ou trabalhadores da saúde, que estão em risco por lidarem diretamente com o público em meio à pandemia do coronavírus.
Com isso, a essência do governo baiano fica claramente expressa. Rui Costa está a reboque da direita e atende aos interesses da burguesia, para quem a questão do isolamento social nunca passou de demagogia.
Primeiro, porque o isolamento sempre foi parcial, como era de se esperar em um país pobre como o Brasil, onde muitos trabalhadores informais dependem da renda diária obtida nas ruas. Podemos dizer que é um privilégio de setores da classe média. Segundo, porque ninguém minimamente sério poderia acreditar que a melhor solução para enfrentar a maior pandemia do século seria apenas mandar as pessoas ficarem em casa, sem que o governo tomasse medidas efetivas para conter a disseminação do vírus e sem levar em consideração problemas muito mais sérios, como a falta de leitos de UTI e da aplicação de testes massivamente.
Agora, ao determinar o fim da quarentena, a ‘única política que protegeria contra o coronavírus’ anteriormente, Rui Costa não está apenas imitando – assim como o fez ao decretar a quarentena – os governadores direitistas, como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ), mas cedendo completamente à pressão da burguesia que também está alcançando seus objetivos por meio do Governo Bolsonaro. Ou seja, ao imitar Doria e Witzel, Costa na verdade cede ao bolsonarismo.
Desta forma, fica claro como funciona a frente ampla com a “direita civilizada”, que o baiano petista apoia. Alia-se com fascistas como Doria e Witzel, imita-os na questão do isolamento para mostrar uma “resistência” ao projeto bolsonarista e, depois, adota a política do próprio Bolsonaro. Na prática, a frente não é ampla, com todos com a mesma importância, como procuram apresentar. É, na verdade, um instrumento da burguesia para fazer subordinar a esquerda aos interesses da burguesia contra o povo.