A pandemia mundial do coronavírus, três meses após a sua disseminação em larga pelo mundo, segue como um grave problema sanitário para vários países, sobretudo para aqueles onde o sistema público de saúde não oferece condições mínimas de assistência e atendimento, particularmente às populações em situação de vulnerabilidade econômico-sócio-sanitárias.
O Brasil se encontra na rota dos países onde o sistema público de saúde está completamente sucateado, na verdade falido, incapaz de atender a imensa demanda de infectados que rapidamente se alastrou pelo país, muito em função das degradantes e miseráveis condições de vida em que vive uma imensa parcela do povo brasileiro.
A crise epidêmica nacional, que se manifesta em todas as regiões do território nacional , atingindo todos os Estados, é a expressão da mais completa situação de abandono a que foi relegada a saúde pública nacional, particularmente depois do golpe de Estado de 2016, que sob o governo do vice presidente usurpador e golpista, Michel Temer, baixou a Emenda Constitucional nº 95, decretando o congelamento, por 20 anos, dos investimentos públicos, em especial nas áreas sociais da educação e da saúde.
A saúde pública, que sempre foi uma das áreas mais críticas em matéria de investimentos, viu a situação piorar ainda mais com o governo golpista eleito de forma fraudulenta em 2018, quando, a partir de então, foram aprofundadas as privatizações, corte de recursos, concessão de privilégios ao setor privado e o desmonte do Sistema único de Saúde (SUS).
O resultado desta política de ataque e destruição dos serviços essenciais á população é que o Brasil se encontra hoje entre os países que oferece os pior atendimento aos doentes pela Covid-19, estando o país entre os recordistas em casos de infecção e mortes pela doença. Isso em se tratando de números oficiais, pois todas as projeções apontam o Brasil como um dos países mais distantes do controle da pandemia, com uma expectativa de atingir números que chegam à casa dos milhões de infectados e mais de uma centena de milhares de mortos.
Esta situação de sucateamento e destruição da rede pública de saúde deixa em situação de vulnerabilidade milhões de brasileiros, os que habitam localidades distantes dos grandes centros. Em muitas cidades do interior do país, o atendimento é não só precário, como quase inexistente, condenando uma grande parcela da população a ter que se deslocar por quase duas horas para encontrar uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pública. Isto sem falar nas comunidades mais isoladas, como as do Estado do Amazonas, onde as distâncias e as condições geográficas adversas fazem com que os deslocamentos em busca de tratamento cheguem a durar cinco dias de viagem em perigosas embarcações.
Um exemplo desta dramática situação é o município de Novo Aripuanã, “a cidade mais distante de um leito de UTI por vias terrestres. É necessário encarar 21 horas para chegar a uma unidade de saúde pública, em Manaus. E esse cenário não é a exceção. Dados do Ministério da Saúde mostra que 14,3 milhões de pessoas estão a pelo menos duas horas, de carro, de uma UTI do SUS mais próxima” (Portal IG, 25/05).
Outros dois milhões de brasileiros “distribuídos em 77 cidades, não conseguem nem chegar a uma unidade de saúde pública por vias terrestres. Eles precisam encarar viagens de barco que podem durar cinco dias, ou de avião. Para 40 milhões de brasileiros, em torno de 20% da população do país, é preciso viajar pelo menos uma hora até uma UTI pública” (Idem, 25/05).
Este é o quadro trágico e catastrófico ao qual os golpistas conduziram o país. Centenas de milhares de infectados e outras dezenas de milhares de mortos pela epidemia do coronavírus,. Mortes e casos, mutos deles, perfeitamente evitáveis se houvesse condições minimas de assistência e atendimento à população pobre e explorada do país. Ao invés de destinar recursos aos hospitais públicos e a contratação de profissionais de saúde para reforçar o atendimento à população, os golpistas reacionários entregam trilhões aos bancos, enquanto as massas populares estão submetidas à dor e ao sofrimento da perda cotidiana de familiares, parentes e amigos.