Após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a ONU (Organização das Nações Unidas) inseriu a autodeterminação no âmbito do direito internacional e diplomático. O princípio da autodeterminação dos povos é, portanto, definido como o direito que todo povo possui de se autogovernar, realizar suas escolhas sem intervenção externa, exercendo soberanamente o direito de determinar o próprio estatuto político. No entanto, desde que foi aceito pela ONU como um princípio basilar das relações internacionais, este princípio nunca foi respeitado pela maior potência imperialista do mundo, os EUA.
Nesta quarta feira (27/05), passou pela Câmara dos Deputados dos EUA um projeto de lei que autoriza o governo Trump a sancionar autoridades da China pelo tratamento de grupos minoritários étnicos no noroeste do país, a chamada Lei de Política de Direitos Humanos de Uygur de 2020, por uma maioria esmagadora de 413 para 1. Este projeto já havia sido aprovado pelo Senado duas semanas atrás. A Lei necessita ainda passar pela aprovação ou rejeição de Trump, que em entrevista disse estar analisando a questão. Ainda que haja o veto presidencial, este pode ser derrubado por dois terços da Câmara. A alegação é de que essa minoria étnica sofre uma intensa repressão do governo chinês, incluindo prisão em campos de trabalho forçado.
O governo chinês, que considera a legislação uma violação de sua soberania, já se pronunciou prometendo retaliação, mas não especificou de que forma. A lei americana vem se somar a uma série de ataque que visam organizar um movimento separatista, para desestabilizar a China territorialmente. O gigante asiático tem sido uma pedra no sapato imperialista há décadas e vem ano após ano aumentando sua área de influência no mundo.
A demagogia do EUA sobre direitos humanos é recorrente em sua política internacional, no entanto se torna evidente pela existência de uma prisão estadunidense em Guantánamo, onde se pratica a tortura e o cerceamento de defesa de forma sistemática, inclusive com cidadão de outras nacionalidades. Ou ainda nos episódios ocorridos no primeiro ano de mandato de Donald Trump, onde crianças estrangeiras foram enjauladas como animais. Também podemos citar a deportação arbitrária de Julian Assange que nem cidadão americano é. Estes são apenas alguns exemplos mais emblemáticos e recentes de violação de direitos humanos praticados pelo imperialismo ianque, existem muitos outros, são diários.
O intervencionismo dos EUA é uma política recorrente desde a doutrina do “big stick” (grande bastão/porrete) de Theodore Roosevelt no inicio do século XX, da qual o Brasil assim como toda a América Latina foi, e ainda é vítima. Os EUA vem atacando sistematicamente a soberania chinesa, venezuelana, cubana, norte coreana, iraniana, síria, dentre outras nações. Contudo o caso chinês pode se tratar de um ponto de inflexão dessa política, dado a dimensão econômica e militar que o desenvolvimento chinês alcançou.
Há décadas a China tem se preparado para assumir a condição de potência mundial. Além de ter alcançado uma posição de potência econômica, a China também se desenvolveu no campo militar, tecnológico e construiu uma rede complexa de relações diplomáticas em todo o mundo.
O projeto da “Nova Rota da Seda” contou com um investimento de US$ 1,9 trilhão, equivalente a 13 vezes o valor do Plano Marshall, utilizado pelos Estados Unidos na reconstrução da Europa durante a Guerra Fria. O projeto é série de investimentos, sobretudo nas áreas de transporte e infraestrutura, como por exemplo a construção de uma ferrovia de alta velocidade ligando a China a Alemanha ou a construção dos dois maiores portos do mundo em mar aberto, na costa chinesa. A “Nova Rota da Seda” vem na contramão do intervencionismo dos EUA e tem potencial para promover um rearranjo no equilíbrio de forças geopolítico do mundo, abrindo caminho para uma nova era.