A pandemia continua evidenciando o enorme contraste de classes no Brasil. O município do Rio de Janeiro é um dos mais afetados do país. A saúde carioca, considerada incompatível com a grandeza da cidade mesmo em tempos de normalidade, está totalmente devastada pelo vírus. A situação se torna ainda mais alarmante quando levada em conta a progressão dos casos e das mortes e indicação de que o pico da doença ainda não foi atingido.
Não obstante a gravidade da doença, é fato que muitas das mortes poderiam ser evitadas. Segundo veiculado nesta quarta-feira (27), 400 pessoas sintomáticas aguardam um leito na rede pública. Por outro lado, há leitos ociosos por falta de equipamentos ou de profissionais.
Esse claro descompasso acontece por diversas razões, todas originadas da falta de verba e do sucateamento do Sistema Único de Saúde. O valor do plantão pago aos profissionais é baixo em relação ao risco assumido, há questões obscuras sobre a compra de equipamentos, há instabilidades no sistemas de informação e até queda de energia elétrica. Somados, esses e outros fatores transformam a saúde do Rio em uma roleta-russa para os pacientes e funcionários.
No dia 26 (terça-feira), havia 770 leitos vagos somente nos hospitais federais cariocas, distribuídos da seguinte forma.
Hospital Federal do Andaraí – 93 leitos estão impedidos;
Hospital Federal Cardoso Fontes – 105 estão impedidos;
Hospital Federal de Ipanema – 48 estão impedidos;
Hospital Federal da Lagoa – 116 impedidos;
Hospital Federal dos Servidores do Estado – dos 407 leitos existentes, 219 estão impedidos;
Hospital Federal de Bonsucesso – dos 375 leitos existentes, 189 leitos não estão funcionando por falta de pessoal.
É flagrante que o Estado, não só o brasileiro mas todos os capitalistas, são coautores das mortes causadas por coronavírus.