Como já era aguardado, no dia 27/05 a Comissão Européia propôs um novo pacote de resgate econômico para os países que fazem parte da União Européia (UE).
O valor é de 750 bilhões de euros e deve ser viabilizado por meio do aumento do teto do orçamento comunitário para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de todo o bloco e pela emissão de títulos de dívida pela própria UE, e não individualmente por cada país, como normalmente tem sido feito.
Até o momento o valor total da ajuda para combater a crise econômica agravada pela pandemia do coronavírus na UE é de 2,4 trilhões de euros.
Esses títulos da UE seriam pagos aos investidores entre 2028 e 2058, com o orçamento do bloco pós-2027. A Comissão Européia diz que vai garantir o pagamento desses débitos com a criação de impostos que incidam sobre emissão de poluentes, multinacionais, produção de plástico e grandes empresas de internet.
Esses 750 bilhões de euros serão repassados de duas formas para os países-membros: 500 bilhões como subsídios e 250 bilhões como empréstimos.
Tanto os títulos de dívida da UE como os impostos europeus seriam algo inédito na história do bloco. A justificativa da Comissão Européia para isso seria o fato de poder conseguir dinheiro no mercado – os bancos ganhando como sempre! – a juros mais baixos do que conseguiriam individualmente os países mais necessitados e mais quebrados, como Itália, Grécia, Espanha e Portugal.
Aqui cabe um comentário: esses quatro países, além da Irlanda, fazem parte dos PIIGS, que é a sigla que identifica os países europeus que estavam em pior situação na crise de 2008. A questão é que eles continuam assim, o que é mais uma evidência de que a crise de 2020 é uma continuidade da crise de 2008.
Apesar de todo o falatório a respeito de um avanço no nível de união do bloco por conta da novidade que seriam títulos e impostos europeus, a grande verdade é que nada foi falado ainda a respeito de garantias de quanto desse dinheiro deverá ir para os trabalhadores e as famílias afetadas pela crise econômica, bem como de quanto deverá ser destinado à saúde. A emissão desses títulos de dívida pela UE poderá ser feita rapidamente, mas os impostos que seriam a contrapartida ainda precisarão de um longo caminho para virarem realidade. Nesse tema dos impostos, também ainda não se falou nada de aumentar a taxação das grandes fortunas.
Pelo andar da carruagem, se confirmará mais uma vez que esse dinheiro todo vai ser usado pelos países da União Européia para salvar o lucro dos capitalistas e o pouco que eventualmente for usado para os trabalhadores e saúde pública será apenas o mínimo necessário para tentar evitar explosões sociais decorrentes da situação econômica e sanitária caótica. E a única certeza imediata, como sempre tem sido nessa fase extremamente parasitária do sistema capitalista, é que desde já os bancos ganharão muito dinheiro.