A venal imprensa capitalista, um dos pilares do regime golpista imposto a partir do golpe de Estado de 2016, vem dando destaque nos últimos dias às ações do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro para constituir uma base de apoio parlamentar lançando mão dos métodos tradicionais de todos os governos burgueses como a distribuição de cargos e verbas entre os parlamentares e partidos que são sustentam às iniciativas do governo em favor dos grandes capitalistas e contra a imensa maioria do povo.
No começo dessa semana, ganhou destaque a primeira reunião realizada desde que Bolsonaro assumiu a presidência, da liderança do governo na Câmara dos Deputados com partidos do “centrão” que integram uma base formal de apoio, na qual líder Major Vitor Hugo (PSL-GO) recebeu líderes, como Arthur Lira (Progressistas), Jhonatan de Jesus (Republicanos) e caciques do PRB, PATRIOTA, PSC, PP, PTB, PSD e PROS. Também integram esta base em formação o PL e o Avante. Segundo o governo e seus líderes, esta base já contaria com o apoio de 190 deputados, cerca de 37% do total de deputados.
Com o avanço da crise e, consequente, aumento da divisão no interior da burguesia, o governo vem intensificando o funcionamento do balcão de negócios com os parlamentares, que nunca deixou de existir, como se viu no “varejo” da liberação de emendas parlamentares por ocasião da votação da “reforma” da Previdência e outras medidas de ataques aos trabalhadores. A presença de políticos do DEM e outros partidos e cargos de confiança do governo (são dezenas de milhares em todos o País), não fazem das atuais nomeações nenhuma novidade, como quer fazer crer a imprensa quando destaca, por exemplo, nomeações recentes de políticos dos partidos do “centrão” para o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), a diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a secretário de Atenção Especializada à Saúde (Saes), órgãos que controlam a distribuição de bilhões em recursos públicos.
A imprensa golpista procura apresentar a situação como se fosse uma novidade e se, de fato, o governo não tivesse contado sempre – desde o processo fraudulento de sua eleição – com uma ampla base de sustentação por parte dos principais da burguesia que, realmente, comandam o “centrão”, como o DEM, PSDB, MDB etc.
O que temos, nesse momento, em que o governo abandona o disfarce de que não possuía uma base formal (e era apoiado pela imensa maioria do Congresso golpista) para a a formação de uma base declarada, com partidos minoritários do congresso, mas que juntos, somam mais deputados do que todas as demais bancadas, é que em meio à crise e ameaçado, pela divisão crescente da burguesia, o governo se vê forçado, a estabelecer uma base fixa, minoritária em relação ao conjunto do parlamento e, para isso, age – repetimos – como todos dos demais governos da burguesia, distribuindo cargos e favores.
A situação evidencia a política capituladora da imensa maioria da esquerda burguesa e pequeno burguesa que vê em um acordo com a maioria do “centrão”, ou seja, com setores golpistas e base de Bolsonaro, o caminho para resolver a crise e até mesmo afastar Bolsonaro.
Mesmo diante da campanha, inclusive, a favor do golpe militar e do estabelecimento de uma ditadura ainda mais profunda contra o povo, incluindo o fechamento do Congresso e do STF e uma intensa repressão contra a organização dos trabalhadores, a esquerda “aposta suas fichas” nos pedidos para que as próprias instituições do regime, como a PGR, MP, STF e o próprio Congresso ajam para conter Bolsonaro e deter o golpe. Na mesa de Rodrigo Maia, por exemplo, está parados 32 pedidos de impeachment e o parlamentar sequer considera – neste momento – dar seguimento ao processo e permitir que o tema seja discutido na Câmara.
Os dirigentes dos centrão, como Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que foram convidados por essa esquerda para participar do Ato de 1 de Maio das “centrais”, não só se dispõem a sustentar a ofensiva de Bolsonaro contra os trabalhadores, como mostram que não estão dispostos a enfrentar a ofensiva da direita com qualquer medida minimamente democrática.
O único caminho para barrar a ofensiva contra a imensa maioria do povo, parar o genocídio em curso e defender as reivindicações populares é mobilizar os trabalhadores e a juventude nas ruas. Levantar o país por “Fora Bolsonaro e todos os golpistas!”.