Em meio a uma das maiores catástrofes sanitárias já enfrentadas pela humanidade e a beira de um período de forte resseção econômica mundial, os cinco maiores bancos brasileiros registram um feito inédito, e o fizeram graças a esta mesma pandemia que, em números subestimados pelo Ministério da Saúde, já ceifaram mais de 22 mil vidas somente no Brasil.
Pela primeira vez, o patrimônio dos cinco maiores bancos brasileiros ultrapassaram a soma de toda a riqueza produzida pelo país inteiro em um ano, o PIB (Produto Interno Bruto), graças em grande medida, a um aumento da demanda por crédito provocado pela pandemia de covid-19. O valor da cifra é de R$7,36 bilhões de reais em ativos, registrados em março, contra R$7,30 do PIB em 2019 conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), disse que “o aumento na relação crédito/PIB não é sinônimo de maior rentabilidade ou lucro”, contudo um aumento na proporção entre ativos dos bancos e o PIB que teria correlação direta com a expansão do crédito nos últimos anos frente ao desempenho econômico, ou para um bom entendedor, não são os bancos que lucram muito, mas o país é que produz pouco.
O feito inédito dos bancos brasileiros joga luz sobre uma questão fundamental na conjuntura brasileira e ajuda a responder uma pergunta de vital importância. Onde estão os recursos para construção de hospitais, contratação de profissionais de saúde, saneamento das grandes cidades, pagamento de um auxílio digno para tornar possível o “fique em casa”? Enfim, recursos para atender todas as medidas para salvar o país da pandemia?
Obviamente a pergunta é retórica, os bancos brasileiros, há bem pouco tempo, puseram sua máquina de propaganda e sua bancada parlamentar empenhados para aprovar reformas de Estado. A reforma trabalhista pulverizou a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e aniquilou direitos conquistados em décadas de luta. A reforma da previdência praticamente liquidou com o sonho da aposentadoria. As reformas certamente tem um peso na conquista dos bancos, que como bons capitalistas, não se conformarão e certamente já planejam as próximas conquistas. São parasitas sociais que se alimentam do empobrecimento da população.
Recentemente, neste diário publicamos matéria intitulada “Um pós-pandemia com privatizações e liquidação do patrimônio”, onde expusemos as intenções da equipe econômica do governo fascista de Bolsonaro, em avançar nas reformas e promover uma brutal liquidação do patrimônio brasileiro por meio de um programa de privatizações que, certamente, tem estes bancos como beneficiários e incentivadores.
A cada dia e cada fato temos as entrelinhas que nos permitem entender o que para alguns é tão difícil, o porque de Bolsonaro seguir cometendo toda sorte de crimes, improbidades e atentados ao decoro impunemente.