À luz da atual crise de saúde que vem devastando todo o mundo e – de forma mais intensa – o Brasil, a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) desenvolveu um programa de 22 pontos para a juventude contra a crise. Segue abaixo o documento na íntegra:
A crise econômica, social e sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus
requer uma resposta decisiva dos movimentos populares, dos oprimidos em geral, uma
resposta revolucionária.
A Aliança da Juventude Revolucionária, juventude do PCO, vêm a público colocar suas
propostas de luta para a juventude, que junto de um programa geral, já publicado,
coloca as tarefas do próximo período.
- Não ao Ensino a Distância (EAD) em todos os níveis, pelo cancelamento do semestre.
Volta as aulas só quando for seguro. Fechamento das escolas que ainda estão
funcionando.
- Suspensão do ENEM durante a pandemia. Definição do calendário escolar sob controle
dos estudantes através de suas organizações de luta.
- Pelo fim das escolas militares. A maioria das escolas militares continuam em
funcionamento na pandemia, mostrando seu descaso com a vida dos estudantes e
professores. Essa política se estende para uma ação verdadeiramente ditatorial, com a
proibição de grêmios independentes, manifestações políticas e reuniões.
- Por condições de vida e amparo aos estudantes das moradias universitárias. Não ao
sucateamento das moradias e bandejões. Proibição das expulsões de alunos das
moradias. Proibição dos jubilamentos.
- Pelo aumento dos auxílios estudantis. Não ao corte dos auxílios. A direita se aproveita
da crise para cortar auxílios dos que mais precisam. É preciso não só manter os
recursos, mas aumentar o seu valor.
- Nada de cortes as bolsas de iniciação científica. O governo vem cortando as verbas
destinadas à pesquisa em geral, mesmo aquelas relacionadas a soluções para a
pandemia. Dessa maneira, as pesquisas por vacinas, testes e respiradores têm se
desenvolvido a partir de recursos limitados ou doações privadas. É preciso ampliar os
fundos de pesquisa, e impulsionar as soluções nacionais referentes a pandemia e a
crise social.
- Pela manutenção da merenda escolar e do leite mesmo com as escolas fechadas. Não
a suspensão dos restaurantes universitários.
- Não às demissões de funcionários e trabalhadores das escolas e universidades durante
a pandemia.
- Pelo fim do ensino pago, contra o desligamento dos estudantes das universidades e das
escolas privadas durante a pandemia. Não à cobrança de mensalidades com as aulas
paralisadas.
- Pela estatização de todo o ensino em todos os níveis. Educação pública e de qualidade
para todos.
- Pelas 35 horas de trabalho semanal e escala móvel de trabalho. Contra o desemprego
na juventude.
- Nada de carteira verde-amarela.
- Nenhuma demissão e salários dignos para jovens aprendizes e estagiários. Salário
igual para trabalho igual. Os estagiários e aprendizes que exercerem as mesmas
funções que trabalhadores efetivos devem ganhar os mesmos salários.
- Pelo governo tripartite nas escolas e universidades. Que a comunidade acadêmica
escolha.
- Pelo fim do vestibular.
- Pelo governo tripartite e autonomia universitária na gestão dos recursos das escolas e
universidades.
- Retomar as organizações de juventude. Pela mobilização da juventude. Reconstruir a
UNE e a UBES pela base.
- Nenhuma suspensão de direitos políticos.
- Pela aliança operário e estudantil.
- Fora Bolsonaro, Witzel, Doria, Zema, Ibaneis e todos os golpistas.
- Por uma assembléia nacional constituinte convocada sobre a base da mobilização
popular.
- Por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo
Com o acirramento da crise do coronavírus no Brasil, é simplesmente impossível não tomar ação. A classe trabalhadora vem sofrendo inúmeras investidas por parte da burguesia, que obriga-os a trabalhar em condições completamente desumanas. Além disso, já está em curso o plano de reabertura econômica em cada estado, para amenizar a destruição que já assola o decadente sistema capitalista há décadas.
Seguindo a reabertura econômica generalizada, é certo que as escolas também retornarão às suas atividades presenciais. Afinal de contas, se o trabalhador já está nas ruas, é muito mais simples empurrar também seus filhos.Para citar um exemplo, em Brasília, a secretaria de educação já está pondo em prática seu plano de reabertura estudantil.
Além disso, a cada dia que se passa, o sistema de ensino a distância é implementado em mais escolas, e até mesmo em algumas universidades. Precisamos nos colocar completamente contrários a este projeto, uma vez que ele representa a vontade da burguesia de gastar menos com a educação, promovendo a privatização e a precarização total do ensino. Sem falar no caráter organizativo que este projeto danifica. Afinal de contas, é nas escolas e universidades que os jovens se organizam politicamente e formam forças extremamente combativas.
É pela inércia de partidos de esquerda e instituições como a UNE e a UBES que lançamos este programa. No fim, somente os estudantes irão defender seus próprios interesses. As vias parlamentares já se mostraram – inúmeras vezes – completamente ineficientes. Logo, precisamos nos mobilizar e garantir que os estudantes tenham seus direitos assegurados. É simplesmente impossível confiar em governadores, ministros, deputados e senadores que alegadamente se preocupam com a população. Deve ficar extremamente claro que eles estão completamente à serviço da burguesia, sendo inviável a sua atuação dentro deste movimento. Finalmente, a solução da presente crise requer uma resposta revolucionária por parte, principalmente, da juventude.