A situação da pandemia no Brasil escapou de controle. Até o fechamento desta edição, mais de 22 mil mortes haviam sido registradas no País, que é o sexto do mundo em número de mortos e já é o segundo em número de infectados, atrás apenas dos Estados Unidos. A escala de mortes já está acima de mil pessoas por dia.
Enquanto os demais países vão lentamente suavizando suas curvas da epidemia, a do Brasil só se acentua.
O Brasil caminha rapidamente para se transformar no centro da epidemia. Reina aqui uma situação excepcional dentro da já excepcional situação da pandemia.
Tal fato confirma, infelizmente, as previsões que vimos fazendo. O poder público está inerte e a política dos governadores, aclamados pela esquerda pequeno-burguesa, é ineficaz. Isso porque o isolamento social, única medida tomada por eles, é uma ficção, pois impraticável para a maior parte da população. Depois de toda a demagogia, eles mesmos estão reabrindo a economia no meio da pandemia, lançando a população à própria sorte.
Não há nenhum verdadeiro empenho dos governos, seja federal ou estaduais, no sentido de equipar o sistema público de saúde. Os que se propuseram a fazer hospitais de campanha na prática fracassaram, pois tratava-se de uma operação burocrática.
O descontrole da pandemia era previsível: o Brasil é o país ideal para o coronavírus. Ele combina, por um lado, a grande urbanização dos países desenvolvidos e, por outro, a miséria dos países atrasados, ambos fatores de propagação do vírus.
Para completar, há um terceiro agravante: o Brasil está entre os países com o poder público mais inoperante do mundo.
O coronavírus expôs a total impotência do Estado nacional, cujas únicas funções são reprimir e cobrar taxas exorbitantes. Nem o pouco que é feito em outros países atrasados é feito aqui.
Não há assistência para a população, não há sistema de saúde público, não há nada: a população está completamente abandonada.
A única saída para a população é a sua mobilização independente. É preciso que a esquerda, os sindicatos, as organizações populares, se lancem seriamente na campanha pelo Fora Bolsonaro e por um plano de reivindicações para enfrentar a crise do coronavírus