Terça-feira passada 17 deputados saíram do partido La République en Marche! (LREM), o partido criado por Macron em 2016 para lançar sua candidatura à presidência. Os deputados, que agora se qualificam como independentes, formaram o movimento Ecologia, Democracia, Solidariedade.
Essa ruptura não significa que Macron perde a maioria na câmara, pois outros partidos de direita tem apoiado seu governo, porém, seu partido não é mais a maioria absoluta na câmara, um sintoma da crise política na qual o presidente se encontra desde o final de 2018.
O LREM começou com 314, mas com o desgaste do governo, que enfrenta ondas massivas de protestos a mais de um ano, passou a ter, nesta terça, 288 deputados. Um assento a menos para poder ser considerado maioria absoluta. Ao todo são 26 assentos perdidos no legislativo desde as eleições vencidas em 2017.
Segundo os dissidentes, o principal motivo da ruptura seria a “verticalidade” do LREM, que não abriria espaço para discussões e debates mais aprofundados, limitando muito a “democracia” dentro do partido. Claro que o principal motivo a ser considerado deve ser a crise em que se encontra o presidente, e o desgaste da imagem do mesmo, assim como a do partido que a ele é atrelada.
Embora o líder do LREM, e presidente na Assembleia Nacional, Richard Ferrant, tenha ironizado a situação atribuindo a “turbulência” da vida parlamentar, e alegado que “a maioria continua sendo a maioria”, a ruptura brusca de 17 membros do partido, e com isso a perda da maioria absoluta do partido, são características da crise política do governo Macron, que embora tenha tido um descanso das constantes manifestações por causa da pandemia, também vê-se desgastado pela mesma.
Dois deputados da legenda de Macron fizeram declarações anônimas à imprensa. O primeiro caracteriza a ruptura como uma traição e um ato perigoso pelo fato do país passar por uma crise econômica e social. O segundo diz entender o motivo da ruptura, mas considera também esse ato isolado com improdutivo nas atuais circunstâncias. Em ambos os casos fica evidente que, apesar da zombaria de Ferrant, a saída assustou o partido e muitos temem suas consequências no aprofundamento da crise política.
O imperialismo francês entrou em crise já no primeiro 1 ano mandato de Macron, e nunca conseguiu sair dela. Com a pandemia e a crise econômica podemos esperar mais reviravoltas dentro do governo, como também o aumento revolta popular.