R”É dando que se recebe”
Líder do centrão na Constituinte, o deputado Roberto Cardoso Alves deixou uma máxima para a história: “É dando que se recebe”. Era o ano de 1988. Jair Bolsonaro, enfim, fala a linguagem do Centrão. “É dando que se recebe”, campo político de que, por 28 anos, o ilegítimo presidente, foi um de seus membros. O bom filho (do centrão) à casa volta. Bolsonaro volta ao centrão.
O presidente faz isso, em um momento de crise do regime político de extrema direita, para onde Bolsonaro do centrão se deslocou para fazer-se presidente. É dando – por enquanto, bolsonaro propõe repassar R$ 86 bilhões ao centrão – que se recebe. Bolsonaro quer do centrão receber o voto não ao impeachment, que ameaça o seu posto de presidente do Brasil.
Generoso com o orçamento público, Bolsonaro, na base do “toma lá, dá cá”, dá R$ 86 bilhões ao centrão. Os R$86 bilhões, são ofertados aos partidos do centrão, como PP, PL, Republicanos e PSD.
As presidências e diretorias desses órgãos são cobiçados por políticos pelo poder regional que representam, informa a imprensa capitalista. O maior orçamento responde por R$ 54 bilhões. Trata-se do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Essa montanha de dinheiro, é para as políticas de desenvolvimento da educação, e a verba é carreada para governos estaduais e municipais. Fiel à máxima do centrão, essa verba é distribuída tendo como pressuposto, “é dando que se recebe”?. Compra de livros didáticos, Alimentação escolar.
Corrupção. Superfaturamentos
A Polícia Federal desarticulou um grupo que desviou cerca de R$ 12 milhões em recursos do FNDE no Pará em 2018. O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Silvio Pinheiro, era do PSDB, em vias de filiar-se ao DEM. No Paraná a Operação Quadro Negro, o ex-governador Beto Richa (PSDB) poi pego em 2015, desvios de verbas do fundo para construção de escolas. Em 2013, o então presidente do FNDE, José Carlos Wanderley Dias de Freitas, indicado pelo PP, mesmo partido de Jair Bolsonaro, foi pego em grampo. Pediu então exoneração.
O PP tenta agora emplacar no cargo Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do partido. Bolsonaro nomeou na segunda-feira um ex-assessor da liderança do PL na Câmara dos Deputados, Garigham Amarante Pinto, para a diretoria de ações educacionais do FNDE. O Banco do Nordeste, tem um gordo orçamento. São R$ 29 bilhões. O atual presidente é Romildo Rolim, apadrinhado de Eunício Oliveira, ex-senador do PMDB. Em maio do ano passado, o deputado Arthur Lira/Progressista, atual nome do antigo PP, quase abocanhou o Banco.
Valdemar Costa Neto, ex-deputado federal, PL, centrão, sua nomeação sai nos próximos dias, informa a imprensa burguesa. O PP, onde Bolsonaro esteve filiado por longo tempo, velho conhecido do presidente, conseguiu emplacar um diretor no DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), órgão com um orçamento de R$ 1,09 bilhão nesse ano. A atuação do departamento é na construção de açudes, reservatórios, perfuração de poços e irrigação, entre outras obras. Fernando Araújo, indicado pelo PP, foi nomeado em 6 de maio. Em 2012, a Controladoria-Geral da União (CGU) apontou desvios de R$ 192 milhões em obras no DNOCS, levando ao afastamento do então diretor-geral do órgão, Elias Fernandes/PMDB.
Outros órgãos com vultosos orçamentos, muito cobiçados. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), com orçamento de R$ 1,62 bilhão, hoje está nas mãos de Marcelo Andrade Moreira Pinto, indicado de Elmar Nascimento (BA), ex-líder do DEM na Câmara. Os partidos que se aproximaram recentemente de Bolsonaro — PSD, PP, PL e Republicanos — fizeram uma investida para emplacar um novo indicado na Codevasf, mas ficou decidido que o órgão continuaria nas mãos do DEM.
O governo Bolsonaro dá cargos desde julho do ano passado. Indicados políticos no Ibama, Incra, Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Funasa, Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Dnit e Iphan, entre outros órgãos.
A tendência é tudo voltar para as mãos do centrão. Daí o motivo de, mesmo com 35 pedidos de impeachment, Maia estar sentado em cima deles. Em mãos de Maia/DEM, com quem Bolsonaro voltou a namorar, está a decisão de abrir ou não processo de impeachment. Desde que bolsonaro de mão aberta, coloque em prática o “dando que se recebe”, a prática do “toma lá, dá cá”, com o dinheiro público, o afastamento do ilegítimo presidente não está entre as prioridades do centrão, que está a lucrar, e muito.
A posição da esquerda institucional não deve ser apoiar um dos setores do bloco golpista. É hora de mobilizar nas ruas pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, sejam eles da direita tradicional, do centrão, sejam eles da extrema-direita.