No dia 6 de maio, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizou uma reunião da Executiva Nacional ampliada com as direções das CUT’s Estaduais, Confederações e Ramos filiados, para elaborar uma política para a situação atual.
Na reunião foram elaboradas diversas resoluções, mas revela uma enorme confusão política de como organizar a luta e um programa próprio dos trabalhadores. Isso porque as diversas deliberações entram em contradição com o que está ocorrendo na prática nos sindicatos e a situação dos trabalhadores.
Separamos o parágrafo abaixo para entrar no argumento:
“É hora de ficar em casa para defender com todas as energias o emprego e a renda da classe trabalhadora e da população mais vulnerável. É hora de ficar em casa, no entanto, milhões de trabalhadores e trabalhadoras da indústria, comércio e serviços ainda estão trabalhando, e, as nossas entidades e dirigentes devem exigir a máxima proteção, com o fornecimento adequado de EPIs, produtos de higiene e máscaras para proteger vida de todos.”
Não há a mínima possibilidade de defender alguém ou alguma categoria ficando em casa. Ainda mais na situação atual onde os patrões e seus representantes políticos estão se aproveitando da crise para retirar direitos dos trabalhadores e intensificar a exploração. Fica evidente que há uma enorme confusão sobre os métodos de luta e qual o papel de sindicatos e seus dirigentes diante do agravamento da crise, incluindo o coronavírus.
Como organizar e defender os trabalhadores com os sindicatos fechados e seus dirigentes em casa? ou oferecendo suas sedes para governadores da direita para servirem de locais para receber contaminados? É claro que os trabalhadores estão abandonados à própria sorte, pois não há sindicalistas indo nos setores de trabalho e nem sindicatos abertos para receber os trabalhadores. e muito menos organizando mobilizações e greves para impedir demissões, exigir condições reais de trabalho e mesmo o direito ao confinamento.
Outro ponto que chama a atenção é o método de luta que será impulsionado nesse período. Veja o parágrafo abaixo retirado das resoluções apresentadas:
“Nesse sentido, é preciso intensificar nosso trabalho de pressão virtual junto aos deputados e senadores para defender os direitos da classe trabalhadora. A CUT está acompanhando atentamente essas iniciativas e vai elaborar campanhas específicas de pressão virtual no parlamento.”
Esse método de “pressionar” os parlamentares, e agora nem seria presencialmente, mas através de telefonemas, emails, tuitaços ou bater panelas nas varandas se mostrou totalmente ineficaz e levou a classe operária para uma sequência enorme de derrotas. Podemos elencar uma pequena parte dessas profundas derrotas, como a reforma trabalhista, reforma sindical, reforma da previdência, cortes na educação e por aí vai.
Foram inúmeras derrotas devido a política de não mobilizar os trabalhadores indo nas bases, fábricas e bairros populares denunciando e apontando um programa de luta. Tanto é assim, que o governo Bolsonaro e a direita no Congresso Nacional está se aproveitando do recuo das entidades de esquerda, partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos para realizar os ataques que não conseguiram até o momento.
Não há a menor possibilidade de defender os trabalhadores, a vida, os empregos e derrotar o governo Bolsonaro sem organizar os trabalhadores e ir às ruas. Essa contradição evidencia que falta a CUT e demais sindicatos um programa consequente de lutas para os trabalhadores. O sindicatos são serviços essenciais para os trabalhadores e devem ser abertos para organizar a luta dos trabalhadores contra Bolsonaro e a direita golpista.