Da redação – O escritor Gabriel Mamani, ganhador do prêmio nacional de romance da Bolívia, denunciou, em um artigo para o jornal Opinión, a ditadura instaurada em seu país após o golpe de outubro passado por culpar o povo pelo surto do Covid.
“Temos mais de 2.000 infectados porque as pessoas não são responsáveis, porque as pessoas têm maus hábitos, porque as pessoas não são higiênicas, porque as pessoas não valorizam suas vidas”, eis o discurso do governo, escreve Mamani.
Acrescenta que “segundo o governo, a natureza incontrolável do vírus na Bolívia se deve apenas à indisciplina do ‘povo’ ou às políticas de saúde precárias do governo anterior. Nunca à ineficácia da administração dos atuais governantes”.
Ele destaca que trata-se, além disso, de uma campanha da extrema-direita para relacionar isso ao Movimento ao Socialismo, cuja base social são os trabalhadores, os camponeses e, principalmente, os índios aymara, dos quais descende a maioria da população boliviana.
“Qualquer desacordo com o atual governo só pode ser produzido por pessoas relacionadas a Evo que agitam as massas mal preparadas”, continua a denúncia do escritor, cujo país natal se transformou em um verdadeiro campo de perseguição política contra a esquerda.