Secretária da cultura do governo Bolsonaro, Regina Duarte concedeu entrevista para o canal da imprensa burguesa, CNN, na ultima quinta-feira (7), gerando grande repercussão tanto pelas declarações feitas, como pela interrupção abrupta da entrevista por parte da secretária. Dentre as aberrações ditas, chamaram atenção os elogios à ditadura e o descaso com as mortes e a situação dos artistas perante a crise do coronavírus.
A secretária chegou a cantar trecho de “Para Frente Brasil”, música de propaganda do regime militar de 1964, com saudosismo — “Não era gostoso cantar isso?” —, ao mesmo tempo em que desprezou as mortes causadas pela ditadura dizendo que “sempre houve tortura“ . Questionada sobre as mortes de artistas por coronavírus, da qual se pronunciou apenas sobre o falecimento do bolsonarista pernambucano Ricardo Brennand, disse em tom de deboche: “se quiser saber, abra o obituário”. A entrevista deixa mais claro ainda, se é que havia alguma dúvida, que a direita como um todo é inimiga da cultura, seja na ditadura, seja no governo Bolsonaro.
O estranho é que isso tenha causado tanta surpresa, em especial entre a esquerda pequeno-burguesa; isto porque as inclinações de Regina Duarte, assim como de qualquer membro do governo Bolsonaro são bastante óbvias. Antes de a atual secretária assumir o cargo, a secretaria era chefiada por Roberto Alvim, que foi substituído ela pressão da burguesia moderada após em um pronunciamento copiar o discurso do ministro da propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, se colocando abertamente como adepto dos ideias nazi-fascistas.
A cultura é um dos setores mais afetados pela pandemia devido ao risco de contágio em aglomerações. Só em São Paulo, 1,5 milhão dependem da cultura para se sustentar. Tendo em conta ainda que a grande maioria dos artistas do setor são autônomos e sobrevive de pequenos trabalhos, o cenário fica ainda pior. Na entrevista, como reflexo da política que já vem sendo adotada, a secretária não apresenta qualquer alternativa minimamente capaz de minimizar os efeitos da crise para estes artistas, afirma apenas haver uma instrução normativa para prorrogar prazos de prestação de contas justificadamente, o que na prática atinge infimamente o setor, além de não enfrentar os problemas concretamente, principalmente para aqueles que além do perigo da doença, sem ter como apresentar seu trabalho estão passando por severas dificuldades.





