Há exatos 101 anos, nascia, no povoado de Los Toldos, na província de Buenos Aires, María Eva Duarte de Perón, que se tornaria uma das figuras mais populares da Argentina durante o século XX. Filha de um rico fazendeiro, Juan Duarte, com sua amante, Juana Ibarguren, Eva teve uma infância pobre, pois, com a morte prematura de seu pai em um acidente de carro, sua mãe acabou se mudando para a cidade de Junín, a cerca de 60 quilômetros de Los Toldos, onde iria trabalhar como costureira.
Desde cedo, Eva Duarte era apaixonada pelo cinema, tendo na atriz Norma Shearer sua grande inspiração. Por isso, aos 15 anos, a jovem argentina partiu para a capital Buenos Aires, onde iria tentar se firmar na carreira de atriz. Depois de muitas tentativas e humilhações, conseguiu, em 1937, aos 18 anos, estrear no cinema, participando do filme Segundos Afuera.
Naquela época, a economia argentina despencava rapidamente. O país, que antes chegara a ser a sétima maior economia do mundo, foi duramente atingido pela crise de 1929 devido ao caráter extremamente dependente da economia de exportação. Diante dessa crise, a década de 1930 ficou conhecida como a década infame, sendo marcada por uma série de golpes militares e governos fraudulentos e bastante conservadores.
Essa onda direitista seria quebrada por um novo golpe militar, com características nacionalistas, liderado sobretudo por Juan Domingo Perón. Em 1944, quando era Secretário do Trabalho e Segurança Social, fortemente apoiado pelo movimento sindical, Juan Perón conheceu Eva Duarte. Um ano depois, em meio a um golpe militar, Perón foi destituído do cargo e preso. Em reação a isso, Eva Duarte tomou para si a tarefa de organizar uma campanha pela libertação de Perón, que recebeu bastante apoio popular e foi bem sucedida. Pouco depois, Eva Duarte e Juan Perón se casaram, e Eva passou a ser conhecida como Eva Perón.
Em 1946, Juan Perón se elegeu presidente da Argentina, dando início a um governo tipicamente nacionalista burguês. Naquela época, havia uma forte tendência a formar governos desse tipo, resultante da mobilização das massas contra os regimes pró-imperialistas. Figura bastante popular do governo, Eva Perón, que era popularmente conhecida como “Evita”, ajudou a aproximar o peronismo das massas. Sua atuação internacional, sobretudo no direito das mulheres, também ganhou destaque.
Eva Perón viria a falecer aos 33 anos, vítima de câncer. De acordo com relatos da época, cerca de três milhões de pessoas saíram às ruas ao saber de sua morte, o que fez as floriculturas argentinas esvaziarem seus estoques. “Evita” foi recentemente eleita símbolo protagonista feminino século XX e teve seu nome cogitado para ser canonizada pelo Vaticano.