Nos últimos dias, importantes organizações dos trabalhadores e da esquerda, resolveram adotar posição em favor do “Fora Bolsonaro”, posição que nós do Partido da Causa Operária (PCO), defendemos desde a reta final das eleições de 2018 quando se evidenciou que a direita golpista, sem conseguir classificar uma candidato seu para derrotar o candidato substituto do PT, se colocou em apoio à eleição fraudulenta de Bolsonaro, que só foi possível por meio da cassação ilegal da candidatura do ex-presidente Lula, depois de sua condenação e prisão, em aberta violação à própria Constituição Federal.
Por um lado, temos nestas organizações o reflexo da crescimento da revolta popular contra o presidente ilegítimo e seus ataques contra o povo, que se acentuam quando o País sofre pesadamente com a pandemia, fragilizado pela política criminosa da direita de cortar gastos com a Saúde e outros serviços essenciais, privatizar ainda mais a Saúde e, pela política genocida da direita (toda ela) de economizar recursos com a população (sem testes, sem atendimento, sem nada), enquanto distribui bilhões para os banqueiros e grandes capitalistas.
Isso se reflete, por exemplo, no posicionamento do maior sindicato do País, a APEOESP, que no último dia 18, aprovou o “Fora Bolsonaro” como um dos eixos de usa política contra o “governo da morte”, e de outras organizações do movimento popular e sindical que adotaram decisões semelhantes, ainda que as fórmulas apresentadas por suas direções possam disseminar confusão e não apontar em direção a uma perspectiva de mobilização sob os mais variados pretextos.
É evidente que o apoio popular ao “Fora Bolsonaro” que já se evidenciava antes da crise do coronavírus (como, por exemplo no carnaval) e que boa parte da esquerda fazia questão de não ver, se deve também – em alguns casos – a uma perspectiva de tipo eleitoral, a qual significa falar a favor do “Fora Bolsonaro” e não mover uma palha para impulsionar uma luta real pela necessária derrubada do governo que é o centro impulsionador do massacre contra a população: genocídio, aumento da fome, expulso!ao do desemprego. Política que solidamente apoiada por toda a burguesia golpista e seus partidos que – mesmo encenando “oposição” ao governo – aprova e encaminha todas as medidas fundamentais do bolsonarismo, no Congresso, no STF, nas ações (ou na paralisia) dos seus governos estaduais e municipais diante da crise etc.
Em muitos casos, reflete também uma certa indignação contra as recentes atitudes do presidente contra as “instituições” supostamente democráticas existentes no País, como o Congresso Nacional e o STF, todas dominadas pelos golpistas; o que não se vê diante das milhares de mortes, milhões de demissões, dezenas de milhões de famintos etc. etc.
Para a esquerda classista, para as organizações de luta dos trabalhadores e todos os explorados a questão vai muito além de tomar uma posição formal. O avanço do genocídio, da fome, do desemprego etc. tende a dar lugar a uma onda de protestos, de luta – muitas das vezes – desesperada, diante dos acontecimentos.
É preciso dar uma perspectiva classista e revolucionária a essas tendências.
O 1 de Maio deve ser usado para impulsionar a luta por um programa dos trabalhadores diante da situação, em defesa de suas reivindicações mais sentidas diante da crise, desde a realização de testes do covil-19 em massa, passando pela distribuição de equipamentos de proteção e produtos de higiene e limpeza, pela garantia de atendimento médico, com pesados investimentos, estatização do sistema de saúde (cim do lucro com a doença e a morte do povo) e do sistema financeiro (para garantir os recursos para atender a população), até a necessidade de luta pela derrubada do regime golpista, com o Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
É preciso levar essa discussão para o conjunto dos sindicatos de todo o País, por meio de uma campanha entre os milhões de trabalhadores que continuam em atividade (para os quais o “isolamento” é um luxo), para os que estão sendo pressionados a voltar ao trabalho nos próximos dias e para o conjunto da classe.
Quem sabe faz a hora não espera acontecer! Nada de esperar pela burguesia golpista e suas instituições.
Fazer do 1 de Maio um verdadeiro Dia de Luta, também para impulsionar o avanço da organização operária e popular, por meio dos Comitês de Luta e dos Conselhos Populares, e para reivindicar da CUT, a maior organização dos trabalhadores do País, a realização de uma Plenária Nacional das organizações de luta dos trabalhadores, da esquerda, para deliberar um programa próprio diante da crise, rompendo com a política de ficar à reboque dos governos estaduais e municipais inimigos do povo, destruidores da Saúde pública; destruidores das condições de vida e a favor de “socorrer”os bancos, tal como Bolsonaro.
Deixar para trás a demagogia, a política de apresentar a falsas soluções para a crise, como o assistencialismo individual e/ou o apoio aos governos direitistas que não adotam nenhum medida efetiva no sentido de enfrentar a situação e defender a vida dos trabalhadores, pelo contrário, atuam no sentido de organizar a matança, defender os lucros dos capitalistas e impedir a reação popular.
A única medida efetiva que pode ser tomada para combater o coronavírus é mobilizar os trabalhadores pela derrubada imediata do governo Bolsonaro e de todos os golpistas. Não é hora de fechar os sindicatos, muito menos entregá-los para os governos de direita. É papel dos sindicatos, como representantes dos interesses dos trabalhadores, lutar pela derrubada do governo.
Não basta proclamar “Fora Bolsonaro”, é preciso organizar a mobilização pela derrubada do seu governo, pela convocação de novas eleições livres e democráticas, para colocar o destino do País sob a deliberação popular, levantando as reivindicações dos explorados e a luta por um governo próprio dos trabalhadores da cidade e do campo.
Mãos à obra, por um 1 de Maio de Luta.