Trabalhadores da arte

Mais de 350 temporadas interrompidas: a crise do teatro na pandemia

"Estamos falando de pessoas que estão sem dinheiro para comer", diz o produtor audiovisual Eduardo Chamom. É preciso perceber que esta é a política da extrema-direita para os traba

De acordo com a estimativa da Associação dos Produtores de Teatro (APTR), somente em São Paulo e no Rio de Janeiro, as temporadas de quase 350 peças tenham sido interrompidas pela pandemia do coronavírus. Isso significa que cerca de 12 mil artistas estão paradas. “Estamos falando de pessoas que estão sem dinheiro para comer”, diz o produtor audiovisual Eduardo Chamom. É preciso perceber que esta é a política da extrema-direita para os trabalhadores da categoria.

Além disso, há aqueles envolvidos na esfera de produção do teatro como técnicos de luz e som, diretores, professores de teatro, grandes centros de formação de artistas e teatros que estão sendo diretamente afetados com tudo, parados em decorrência da crise sanitária no país, aprofundada com a pandemia do COVID-19. Ainda segundo a associação, cerca de 70% desses espetáculos em SP e RJ contavam somente com o cachê da bilheteria, um dinheiro muitas vezes incerto pela falta de incentivo do teatro como arte.

Na região nordeste há também grandes pólos teatrais como o estado de Pernambuco. Um calendário lotado de peças, projetos e trabalhadores mobilizados em torno do teatro foram duramente atingidos pela crise. Pode-se dzier que cerca de 50 apresentações já foram afetadas pela crise, além de contratos suspensos. Em relato a este diário, o coletivo Teatro Bordô, denuncia os efeitos da crise sobre seu trabalho. Foram suspensos os preparatórios para a peça ‘Menino Minotauro’, que estava disposta a estrear. O monólogo de Natali Assunção, ‘Ainda escrevo para elas’, foi suspenso em meio a uma temporada no Teatro Hermilo Borba Filho, junto com outra peça em cartaz. A peça ‘Estudo n.1: Morte e Vida, do coletivo Magiluth, também prestes a estrear, também foi suspenso. Este último lançou uma campanha desesperada de compra de ingressos antecipados para amenizar a situação a que estavam relegados, sem perspectiva alguma de retorno pelo trabalho. A política do

Escolas, instituições e coletivos de teatro independente em Pernambuco foram golpeadas duramente, O Poste, um centro de teatro negro, o Magiluth, um dos grupos de mais repercussão nacional, Casa Maravilhas, Teatro Miçanga, entre outras tiveram suas atividades completamente suspensas. Diante disso, os trabalhadores da cultura no estado denunciam que além dos programas que já estavam no calendário, o governo não moveu uma palha para solucionar a situação dos artistas. Coletivos como o Teatro Miçanga, entre outros, denunciam a fraude que Regina Duarte é como secretária. A missão dela vem sendo, na verdade, destruir o desenvolvimento artístico nacional e perseguir os artistas.

O que está acorrendo é um acirramento maior para conseguir se adequar aos exigentes e medíocres editais da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE) e da Fundação Cultura (FUNCULTURA), fundações de incentivo à cultura atuantes no estado. Além desses editais, o Itaú, instituição golpista favorecida com os repasses criminosos de 1,2 trilhões de reais pelo governo de Bolsonaro, lançou um edital de esmola para os artistas do teatro e da dança.

O cenário nacional é de uma grande crise para a arte. Os artistas não selecionados pela indústria cultural capitalista estão sendo dilacerados pela crise. É política do governo Bolsonaro, que é inimigo das artes em âmbito nacional, o ataque aos artistas e à arte com o corte de incentivos, à censura através do cancelamento dos contratos e até negação da profissão. Bolsonaro sabe que os artistas são uma categoria de trabalhadores que não apoia seu governo fascista, e os ataca tirando o pão de cada dia da mesa. O teatro, então, categoria artística que já enfrenta dificuldades em tempos ditos democráticos, encara com a pandemia problemas que comprometem sua existência, digo isso não no sentido de que o teatro deverá deixar de existir depois da pandemia, mas que não há teatro sem a presença.

Rodrigo Dourado, ator e pesquisador de teatro na Bahia denuncia este problema quando destaca que

“os grandes conglomerados de comunicação, as redes de televisão, os estúdios de cinema, as plataformas fonográficas, os serviços de streaming possuem reservas de capital e instrumentos suficientes para a sobrevida de seus sistemas por um longo período. Não falo também da arte cujos suportes de circulação são já virtuais, remotos. Falo das expressões artísticas que solicitam presença, audiência” 

O teatro é uma arte que necessita de público presente, sua quarta parede. A plateia é também um elemento do espetáculo. O ponto central disso é que os artistas precisam da presenças no palco para que a arte se desenvolva, o que causou um choque absurdo entre as condições de produção.

Alguns projetos estão tentando levar teatro às pessoas através de transmissões online ou serviços de streaming. Porém, uma das áureas da arte teatral é a presença. Tragicamente, assistir teatro pela televisão é um processo entrega completa dos princípios do teatro à lógica capitalista, interessada em colocar mais uma categoria artística trabalhando para os seus empresários da direita, que nem consideram o trabalho do ator como profissão.

É claro que a crise sanitária obriga a criar maneiras de sobreviver para esses profissionais, que procuram maneiras de render com as transmissões ao vivo e gravadas. Porém, é trabalho desta imprensa denunciar que isso acontece somente para uma parcela ínfima da categoria que, privilegiada com financiamentos capitalistas e seus megaprojetos caros, conseguem se apresentar.

É preciso entender que o governo Bolsonaro é inimigo da arte teatral e dos trabalhadores da categoria, e nunca escondeu isso. O que ocorre é que, diante dos desafios que os trabalhadores da cultura estão tendo que enfrentar com a pandemia, o governo da direita revela seus verdadeiros interesses. Para eles, é a hora de aproveitar a pandemia e atacar a arte. O teatro, por ser uma classificação artística ainda não dominada pelos capitalistas, não interessa aos golpistas. A crise sanitária escancarou mais ainda os ataques que a classe vinha sofrendo anteriormente e, diante disso, é preciso lutar pela derrubada do governo Bolsonaro, inimigo da arte, do teatro e de seus trabalhadores.

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