Tem sido festejada na imprensa os governos liderados por mulheres quanto ao enfrentamento da Pandemia do Corona vírus. O jornal italiano Corriere, inclusive, os batizou de Os Sete Magníficos: Islândia, Finlândia, Noruega, Dinamarca, Nova Zelândia, Alemanha e Taiwan. Todos estes países tiveram índices reduzidos de mortalidade em decorrência à ações eficientes ao combate à doença com pequenos índices de mortalidade e contaminação.
As medidas adotadas na grande maioria foram os testes massivos, investimentos em estrutura hospitalar, campanhas de conscientização e isolamento dos contaminados, práticas óbvias de qualquer governo que esteja de fato empenhado em minimizar ao máximo as consequências catastróficas da epidemia tanto no que se refere à questão sanitária quanto econômica.
O que estes governos tem em comum não são apenas o fato de serem liderados por mulheres, tratam-se de países com economias fortes e com um IDH ( índice de Desenvolvimento Humano ) bastante elevado . Quando comparados com países subdesenvolvidos ou até mesmo países imperialistas como os EUAA , que apesar de ser país mais rico do mundo, apresenta uma desigualdade social escandalosa, e que certamente será o mais atingido pela pandemia . Entretanto devemos nos perguntar se países pobres teriam iguais desempenho mesmo que chefiados por mulheres. Os resultados quanto ao combate à epidemia não relacionam-se ao gênero do mandatário, e sim às condições e decisões específicas na área política que trazem como consequência a redução do impacto da epidemia ou o caos.
A ascensão feminina na política é enaltecida por todos aqueles que desejam ver a emancipação da mulher, e de certo é um espaço que deve sim ser ocupado assim como muitos outros. Festejar lideranças como Angela Merkel, é esquecer que esta como as como as demais líderes, são representantes da burguesia e conduzem seus governos como qualquer representante da burguesia, privilegiando os interesses capitalistas em detrimento dos trabalhadores. Oprimindo os demais países, subjugando suas economias aos interesses capitalistas.
Oportuno lembrar a atuação de Angela Merkel quanto à crise econômica Grega, impondo duras medidas fiscais como condição para a ajuda monetária as quais na verdade tinham como interesse salvar os bancos e os capitalistas com negócios no país.
Esta campanha de abrilhantar as lideranças governamentais femininas, trata-se de uma campanha enganosa e demagógica do imperialismo, como isto significasse o “empoderamento” da mulher e uma grande conquista para estas. Na verdade o enaltecimento de ações obrigatórias dos governos e o incentivo por busca de cargos femininos dentro do estado burguês, tem como fundo iludir o movimento das mulheres, como se estas mulheres fossem legítimas representantes do povo, pois jamais um governo burguês, mesmo que feminino, será representativo das lutas da mulher trabalhadora.
Todas estas mulheres na verdade representam a classe dominante, e nenhuma dessas mulheres à frente de governos garantiu ou vai garantir os direitos fundamentais das mulheres, como o aborto 100% livre e seguro, como a construção de clínicas públicas mantidas pelo Estado para o tratamento gratuito das mulheres que quiserem abortar, não vão garantir o direito ao divórcio simples e sem burocracia, não vão garantir creches para suprir as necessidades das mães trabalhadoras, não vão garantir refeitórios e lavanderias coletivas para que o trabalho doméstico seja compartilhado e socializado.
Somente estas ações é que permitirão a emancipação da mulher e sua libertação da escravidão doméstica, que é o que de fato as impede de ocupar posições importantes e estratégicas na sociedade. Isso porque essas conquistas democráticas não têm espaço dentro de um Estado burguês, somente a união das mulheres da classe operária será possível esta conquista, e somente a revolução socialista pode dar esse direito às mulheres. À burguesia apenas interessa o servilismo e a escravidão do trabalhador, seja ele homem ou mulher.