A pandemia de Coronavírus agravou a crise mundial sob todos os aspectos: o econômico, o social, o problema das minorias , e em especial as questões relacionadas às mulheres.
De saída, os casos de violência doméstica e sexual, registraram um aumento de 50% em apenas 4 dias de confinamento no RJ, evidenciando que a questão de saúde vai além da contenção da epidemia. O confinamento e o pânico gerado pela catástrofe eminente, potencializa o adoecimento psicológico da população e a mulher mais uma vez torna-se a vítima potencial de uma sociedade já marcada pela opressão feminina. O agravamento dos casos de violência, levaram à necessidade de disponibilização de um serviço on-line para registro das ocorrências, o que não resolve absolutamente nada tendo em vista que o agressor, na maioria das vezes encontra-se dentro do próprio lar.
Diante da epidemia, a mulher, especialmente aquela das camadas mais carentes da população, é a que mais sofre e sofrerá as consequências da crise que se anuncia como prolongada e dramática. Serviços especiais como abortos legais foram suspensos, obrigando as mulheres a levarem adiante gestações de risco confirmado. Nos hospitais o direito de acompanhante no parto também foi suspenso tendo em vista o risco de contaminação, e a mulher precisa enfrentar sozinha, sem o apoio dos familiares ou companheiro este momento que deveria ser especial em sua vida.
A pressão sobre as mulheres traz também consequências que atingem diretamente a subsistência das famílias, tendo em vista que metade dos lares do país tem a mulher como principal provedor. Levando-se em conta que grande parte destas tem como renda o trabalho informal, a fome baterá à porta de muitos lares no Brasil. Esta situação agrava-se pelo fato de que 70% do trabalho informal feminino estar relacionado ao trabalho como doméstica, e que apesar de não haver dados oficiais, já se presume e constata-se a onda de dispensas em decorrência da crise econômica.
Para aquelas que ainda mantiverem seus empregos anuncia-se um aumento da sobrecarga dos afazeres e responsabilidades, uma vez que como de costume vez cairá sobre seus ombros o cuidado com os familiares doentes do Corona vírus expulsos da rede hospitalar pela ausência de leitos disponíveis. A pressão aumenta à medida que muitas destas são trabalhadoras da área de saúde, expostas todos os dias ao risco de contaminação pela ausência de materiais de proteção hospitalar e as condições insalubres de trabalho. No Brasil, 90% dos trabalhadores em saúde são do sexo feminino.
É preciso superar a política de distribuição de migalhas para a população pobre, em especial as mulheres, e lutar contra a distribuição de dinheiro para a burguesia enquanto grande parte da população não tem as mínimas condições de sobrevivência.