O Ministério da Saúde recomendou, na última segunda-feira, a flexibilização do isolamento social em locais onde o número de casos confirmados do novo coronavírus não tenha impactado em mais de 50% a capacidade do sistema de saúde. A medida vale para municípios, estados e o Distrito Federal, e passou a valer a partir do dia 13. O objetivo da pasta é reestabelecer gradualmente a circulação de pessoas e promover o Distanciamento Social Seletivo (DSS). Nesse modelo de quarentena, só permaneceriam em isolamento pessoas pertencentes aos grupos de risco de agravamento em caso de infecção pela Covid-19.
Nos demais locais, onde o número de infectados impacta mais que 50% do sistema de saúde, o Distanciamento Social Ampliado (DAS), modelo adotado hoje, deve ser mantido até que haja suprimento de equipamentos hospitalares suficientes para realizar a transição para o DSS. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas e Distrito Federal apresentam coeficiente de incidência de casos confirmados superior à média nacional, que é de 5,7 para cada 100 mil habitantes.
A medida, no entanto, não agrada a especialistas. Professor de epidemiologia da UnB, Walter Ramalho afirma que, do ponto de vista científico, não há motivo que justifique o afrouxamento. Ele critica o que considera uma tendência de descrença na ciência e acusa a medida do Ministério da Saúde de ser política.
O caso de Manaus é emblemático para nos mostrar o que acontecerá nas localidades que, sem o devido preparo, se deparar com o Covid19. Segundo a infectologista Eliana Bicudo, o caso de Manaus, as medidas de contenção foram adotadas de forma tardia porque o número de casos no início da pandemia era baixo. “Manaus agora está em colapso. Demoraram a tomar uma iniciativa porque ainda não havia casos, devido à incidência ser maior no Sudeste e no Centro-oeste. Agora, está sem leitos de UTI”, critica a infectologista, acrescentando que é cedo para pensar em flexibilizar as regras do isolamento.
Mandetta, o cara de Bolsonaro à frente da pasta que cuida da saúde, como seu chefe, não é flor que se cheire. Afinado com a campanha desenvolvida de privatização do setor, e alinhado com as seguradoras que esperavam assumir o lugar do SUS, agora precisa ter cuidado de não levar a falência às empresas, que não tem como dar conta de receber todas esses doentes. Se é assim por um lado, por outro também não tem verba para injetar no setor público, porque esse não é e nunca foi o plano, muito pelo contrário.
Afora isso, a rotina do sistema conduz aos Bancos o impacto da dívida pública que aumenta a cada dia em que a produção afunda um pouco mais na recessão rumo à depressão. Com o repasse de verbas e concessão de isenção fiscal temporária, os Bancos do imperialismo estadunidense, os maiores credores do Brasil, começam a se preocupar com a sua cota mensal.
Entre a cruz e a espada, Mandetta engana a todos sobre uma falsa discussão sobre saúde versus ideologia, que é a de Bolsonaro. O problema mesmo é se ele quer ficar com a culpa do estrago que vem por aí e que vai jogar todos no buraco da falência, seguradoras e Bancos, ou vai passar a bola para o chefe.
Mas, ao que tudo indica, a solução parece vir do Chicago boy Paulo Guedes, que anuncia já pedido de empréstimo ao FMI. Ou seja, vamos todos nós pagarmos uma dívida monstruosa para salvar os Bancos e seguradoras, e, de quebra, ainda vamos perder o SUS.