Em momentos de crise fica mais claro o embate que há entre as classes sociais. Com a derrocada do sistema capitalista e a crise dos setores produtivos da economia, o setor financista aproveita a oportunidade de baixa no preço das ações para concentrar o capital em empresas menores. Com esse movimento, os bancos e fundos de investimento, que já controlam uma grande fatia das empresas, passa a exercer um poder ainda maior. Não apenas em relação aos lucros, mas também em relação a contratação, demissão e salários dos funcionários.
Um dos casos mais emblemáticos refere-se ao setor da construção civil. Segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a ATMOS aumentou a sua participação acionária na empresa MRV (construtora com sede em Belo Horizonte) de 4,6% para 10%. Isso significa que há uma perspectiva do capital monopolista em dominar as empresas menores em um cenário de crise. Outro exemplo refere-se a participação de capital da gestora Dynamo na empresa Natura. A participação da gestora aumentou para mais de 5%, demonstrando assim o empenho do setor financeiro em controlar o setor produtivo da economia nacional.
Com a redução das taxas dos títulos públicos federais, o mercado financeiro aposta na concentração do capital em torno das empresas menores. Aí está a resposta para os setores que propõem que o governo destine dinheiro para os capitalistas. Caso isso ocorra, ao invés de garantir os empregos e renda da classe trabalhadora, os capitalistas irão destinar este dinheiro para a bolsa de valores, aumentando assim a concentração de renda. Essa política faz sentido vindo do governo Bolsonaro, mas é totalmente suicidada quando parte dos setores da esquerda.
As respostas apresentadas pela equipe econômica do governo brasileiro, mostram-se totalmente ineficazes. Com as reformas iniciadas no governo Temer, e conduzidas de forma mais efetiva no governo Bolsonaro, todo o ônus da crise foi colocado nos setores mais frágeis da população nacional. O principal propósito dessa medida é garantir que o capital especulativo consiga um respiro diante da fragilidade do sistema capitalista, o qual não conseguiu se recuperar desde a crise de 2008.
Não há saída para a classe trabalhadora no governo Bolsonaro diante de uma crise tão profunda. A pandemia de coronavírus deixou claro que não podemos confiar nos governos burgueses para responder a crise financeira e epidemiológica. Não há solução em nenhum tipo de aliança com os golpistas, nem é razoável esperar qualquer tipo de solução do governo ilegítimo de Bolsonaro. É preciso uma mobilização dos trabalhadores da cidade e do campo para exigir o fim do governo Bolsonaro e estatização de todo o sistema financeiro.