No dia de ontem (18), completaram-se 20 dias desde as primeiras confirmações de casos do coronavírus no Brasil. Desde então, o quadro vem evoluindo rapidamente, causando um cenário de pânico e incerteza em torno da destruição que o vírus irá causar. Até o momento, quatro mortes já foram anunciadas pelo coronavírus, com vários outros casos de mortes aguardando confirmação pelos resultados de exames.
Uma certeza, porém, está colocada: o governo do fascista Jair Bolsonaro, inimigo do povo brasileiro, não está disposto a mover uma palha para conter o avanço do vírus. O ministro da Economia Paulo Guedes, por exemplo, que é um dos mais importantes do governo, além de declarar que o coronavírus seria uma gripe como outra qualquer, está procurando privatizar a Eletrobras e distribuir dinheiro para os bancos, em meio a todo o caos gerado pela doença.
Uma das maneiras em que esse descaso se revela é por meio da sabotagem aberta aos testes para o coronavírus. Conforme relatado por este diário em reportagem, vários hospitais não fornecem qualquer tipo de informação para as pessoas que entram em contato e apresentam os sintomas, o custo do exame é caríssimo — e frequentemente é acompanhado do custo da consulta médica — nos hospitais particulares e, nos casos em que se consegue fazer o teste para o coronavírus, o resultado só fica disponível em pelo menos seis dias. No fim das contas, o teste só é feito nos casos mais graves e com os pacientes que apresentam febre intensa.
Para que se tenha ideia do efeito da sabotagem, a primeira vítima do coronavírus no Brasil, falecido em São Paulo, veio a óbito sete dias depois da internação. Ou seja, se o teste apenas fosse feito quando ele tivesse sido internado, o resultado certamente sairia em seus últimos instantes de vida. Na medida em que os testes demoram tanto para ter o resultado e só são aplicados em casos extremos, já começam a ocorrer casos da morte vir antes da comprovação de que se tratava de um caso de coronavírus.
Uma das coisas que poderia ser feita, caso o governo brasileiro tivesse um interesse real em combater a doença, seria a política do teste em massa — isto é, uma política de aplicar vastamente os testes na população com o objetivo de identificar mais rapidamente os casos de coronavírus. Essa política, que foi, inclusive, recomendada pela Organização Mundial da Saúde, tem sido aplicada pela Coreia do Sul, um dos países com maior número de casos da doença e menor índice de letalidade. O país asiático já registrou 8.413 casos da doença, tendo desses 84 resultado em morte. O índice é quase 10 vezes menor que o apresentado pela Itália, por exemplo.
Até o dia 16, a Coreia do Sul já havia testado 190 mil pessoas, o que mostra um verdadeiro esforço para o teste em massa. Os Estados Unidos, que apresentaram casos de coronavírus no mesmo dia em que a Coreia do Sul, haviam testado apenas 4,3 mil.