Os confrontos, dentro e fora de campo, ocorridos durante o clássico GRE-NAL, pela Libertadores, na quinta-feira (12), nos dão exemplos claros de como o esporte nacional e, em particular, as torcidas organizadas vêm sendo tratados pelo poder público, através da Polícia Militar, e pela imprensa burguesa e golpista. Mais uma vez assistimos à investida violenta da Polícia Militar contra torcedores de torcidas organizadas no País. Desta vez o confronto ocorreu no Rio Grande do Sul contra torcedores do Grêmio que se dirigiam à Arena do Grêmio, em Porto Alegre.
Um vídeo mostrando o momento em que um desses torcedores é atropelado pela cavalaria da Brigada Militar viralizou nas redes sociais. Cerca de cinco policiais montados que estavam a galope não se detiveram ante o gremista e literalmente passaram por cima do torcedor que, distraído com um ônibus com torcedores do Internacional que se aproximava, não percebeu a aproximação da cavalaria. Nesse momento houve grande indignação por parte dos torcedores, dos dois times. Como de costume, a PM respondeu aos protestos usando spray de pimenta e gás lacrimogênio que foram, inclusive, jogados contra torcedores do Inter que estavam dentro dos ônibus que chegavam ao estádio.
Dentro do campo a situação também foi tensa, apesar do empate de 0 a 0 e do bom futebol apresentado pelos dois times no primeiro tempo, uma pancadaria generalizada resultou na expulsão de 8 jogadores da partida aos 40 minutos do segundo tempo.
A imprensa golpista “deita e rola” com esses acontecimentos mostrando-os como fatos que ilustram a campanha que é feita contra as torcidas organizadas e que procuram justificar toda a truculência da repressão pública contra a população e os torcedores. Fora do campo, o ato verdadeiramente violento foi produzido pela PM, e não pelos torcedores. Mas a imprensa sistematicamente aprova essa violência como fator preventivo contra uma suposta tendência à violência dos torcedores de futebol.
Essa crise entre a burguesia, representada pela imprensa monopolizada e pelo seu braço armado, a PM, e o povo, representado pelas torcidas organizadas, já vem de longa data e tem tido o efeito de afastar, cada vez mais, os trabalhadores mais pobres dos campos de futebol. Primeiramente foram banidas as saudosas gerais, local onde os torcedores assistiam às partidas de pé, que tinham seus ingressos vendidos a preços super populares (hoje em dia não passariam de R$ 2,00). Depois vieram as revistas e listas de proibições intermináveis. Hoje em dia o torcedor não pode levar praticamente nada para os estádios. Mas nenhuma dessas inúmeras medidas fazem a burguesia ficar satisfeita e parar de atacar as torcidas organizadas, justificando todo o aparato repressivo que continuadamente é mobilizado para sua contenção.
Seria muita ingenuidade não perceber que nos jogos de futebol a luta de classes se trava da mesma maneira que nos demais aspectos da sociedade e da economia.
https://youtu.be/QmZMtBxySiY