Foi divulgado o balanço do PIB para 2019 e o resultado, como não podia deixar de ser, revela a profunda desgraça que a política econômica levada a adiante por Bolsonaro impõe ao conjunto da população brasileira. Após uma mistura de delírio com terrorismo levar o regime a profetizar crescimento de 2,9% para o PIB em 2019 caso o roubo da previdência fosse aprovado, a consequência lógica da devastação promovida pelo bolsonarismo levou o PIB brasileiro a sair de R$6,8 trilhões em 2018 para R$7,3 trilhões em 2019, o que representa, na prática, uma alta de 1%, o que é meramente nominal.
A primeira coisa a ser destacada sob o suposto crescimento do PIB para o exercício de 2019 é que, no mesmo ano, a estimativa de crescimento da população (medida também pelo IBGE) foi 1%, de 208,5 milhões em 2018 a 210,1 milhões em 2019, o que se traduz na impossibilidade prática da economia em absorver a mão de obra já disponível mas desempregada. Como se isso não fosse ruim o bastante, num país onde o desemprego (que já é enorme) aumenta, as perdas provocadas pela inflação medida pelo IPCA foram de -4,3%. Isso significa que além da economia brasileira não ter produzido condição alguma de absorver uma parcela que seja dos trabalhadores fora do mercado de trabalho, também não houve crescimento capaz de compensar o que se perdeu com a inflação, a única coisa que realmente cresceu sob a política de Bolsonaro, inclusive acima da meta do governo, resultando num cenário de pressão ainda mais severa sobre a classe trabalhadora.
O governo, como era de se esperar, culpou tudo e todos pela catástrofe, menos os responsáveis. Desde o clima a situações próprias do tipo de política defendida pelo regime, a saber, a crise na Argentina (onde governava o também liberal Macri) e o crime da Vale em Brumadinho, ocasionado por uma empresa pública privatizada durante a última ofensiva neoliberal nos anos 1990.
As desculpas difundidas pelo Ministério da Economia revelam um verdadeiro vale tudo retórico, tão mal pensado que chegam a apontar para um fato incontestável: a devastação econômica promovida pelo governo não é produto de uma incapacidade subjetiva mas consequência natural de uma deliberada decisão política, para atender aos interesses da burguesia, que desde o golpe de 16, vem impondo sua agenda de maneira mais agressiva e sem nenhuma vergonha quanto as inconsistências de seu discurso, que primeiro culpou o PT, depois a legislação trabalhista, ano passado o vilão da vez foi a previdência, agora a política tributária e assim, mentindo descaradamente com pouca ou nenhuma consideração sequer em manter as aparências, os ataques contra a população vão se avolumando, a desindustrialização se intensifica e a economia regride a passos cada vez maiores, “crescendo” 1% enquanto paga 4,25% de juros a quem vive da especulação com o dinheiro público. Para a minúscula classe burguesa, estamos em “uma situação macroeconômica tão boa quanto eu nunca vi”, conforme as palavras do presidente do banco Itaú. A desgraça é “só” para os 110 milhões de brasileiros que precisam de emprego.