O anúncio de que um candidato do PSOL a vereador na cidade carioca de Duque de Caxias está sendo financiado pelo banqueiro tucano Armínio Fraga causou bastante repercussão nos últimos dias. Contudo, a repercussão não se deu propriamente pelo fato em si — não é novidade alguma que o PSOL é financiado por setores capitalistas —, mas sim porque foi um caso que veio a público.
Apesar de o PSOL — isto é, sua direção e suas inúmeras frações — ser conivente com esse tipo de prática, era de se esperar que a legenda, especialista no uso da demagogia, procurasse, de alguma maneira, fingir que tomaria medidas contra isso. Mas nem mesmo esse tipo de demagogia se viu: o deputado federal Marcelo Freixo ameaçou abandonar o PSOL caso a candidatura de Wesley Teixeira fosse cassada e o partido acabou mantendo a candidatura e o financiamento de Armínio Fraga.
Se nem mesmo a famosa demagogia da “laranja podre” o PSOL decidiu utilizar para justificar seu suposto erro “acidental”, ficou evidente que o partido como um todo tolera a mais escancarada corrupção de seus candidatos por meio do financiamento de capitalistas. Em outras palavras, que, apesar da demagogia que tenta fazer junto a setores pequeno-burgueses de esquerda, o PSOL se comporta verdadeiramente como um partido burguês.
Dada essa situação, qualquer militante ou grupo que se diga revolucionário não poderia, sob hipótese alguma, permanecer sob o guarda-chuva do PSOL. Pois isso equivaleria a estar em uma organização cujas diretrizes são determinadas, de maneira explícita, pela burguesia. Se é aceito tranquilamente que a burguesia escolha os candidatos que irá financiar, é óbvio que a burguesia também irá determinar o programa que o partido irá seguir. Afinal, o PSOL não é um partido de programa, mas sim uma federação de indivíduos e grupos que não têm absolutamente nada em comum a não ser o deslumbramento com os privilégios que o regime político dispõe.
No caso do PSOL, vale ainda lembrar um segundo problema. A legenda não é um partido de esquerda vivo que está sendo tomado por uma ala burocrática e reacionária. Isto é, o argumento de que o PSOL “se tornou” um partido abertamente controlado pela burguesia não é um argumento honesto, porque o PSOL nunca foi um partido de massas e, portanto, sempre foi um partido propício à penetração dos elementos mais carreiristas e contrarrevolucionários.