Clássicos da literatura brasileira com a ordem de serem recolhidos das escolas do estado de Rondônia, estão “Os Sertões” de Euclides da Cunha, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis, e “Macunaíma “, de Mário de Andrade. O motivo é que as obras teriam “conteúdos inadequados para crianças e adolescentes”. Essa foi a alegação da Secretaria de Educação, que determinou recolhimento de 43 livros ao todo. A ordem de recolhimento foi emitida pelo secretário de Educação, Suamy Vivecananda Larcerda de Abreu, através de memorando 4/2020, endereçado às coordenadorias regionais de educação de Rondônia.
Rondônia é governado pelo coronel Marcos Rocha, da fornada de militares eleitos na eleição de 2018, pelo PSL, mesmo partido que elegeu Bolsonaro e que após se desligou.
A ordem era taxativa, para um dos autores, “todos os livros de Rubem Alves devem ser recolhidos”. Outras obras consagradas de, Nelson Rodrigues, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Ruben Fonseca, e até, “O castelo” de Franz Kafka, e de Edgar Allan Poe, “Contos de terror, de mistério e de morte”, constam da lista de livros a serem recolhidos. Ordem essa, agora abortada, ante a enorme repercussão nas redes sociais.
Inicialmente secretário negou ter dado ordem para os livros recolher. Confrontado com imagem do memorando, e da lista dos 43 livros veiculados pela internet, disse tratar-se de “rascunho” e recuou dizendo que os livros não mais seriam recolhidos.
O documento e a relação de obras repercutiram em redes sociais, com a divulgação de imagens dos ofícios. Documento, que está em sistema interno da Secretaria de Educação de Rondônia, passou a ser listado como sigiloso.
Doutrinação nas escolas
Bolsonaro e aliados insistem em dizer que nas escolas há doutrinação nos livros didáticos e paradidáticos. “Nos livros existe muita coisa escrita”, recentemente assim se manifestou Bolsonaro. “É preciso suavizar”, completou.
Mais realista que o próprio Bolsonaro, o governo do coronel do PSL de Rondônia, resolveu suavizar todo o escrito de 43 livros didáticos de todo o estado.
Atitude típica de um governo de extrema-direita, censura ampla à cultura nacional. Mesmo que nem todas as obras não estejam diretamente vinculadas à esquerda, toda a vida cultural tende a ser sufocada pela extrema-direita para criar um clima de terror social. Esse foi o mesmo governo que aprovou recentemente o Dia contra o Aborto.