A imprensa golpista, porta-voz da burguesia nacional e internacional que colocaram a extrema-direita no poder, está realizando mais uma de suas manipulações políticas de grande envergadura e, cujo, sentido é fazer passar seus próprios interesses de classe, de dominação como se fossem de interesse geral do país, servindo-se para isso se setores da própria esquerda nacional. É essa política que explica os recente ataque desferido pela venal imprensa capitalista contra o ex-presidente Lula.
Em dois recentes artigos, um da execrável revista Veja e outro publicado no jornal golpista El país, e não sem muita demagogia e cinismo, acusa-se o ex-presidente respectivamente, de dividir o campo “democrático” de oposição ao governo Bolsonaro ao insistir em priorizar os “interesses” próprios e do PT ao invés de interesses “nacionais” e, de não ser, o ex-presidente, um real opositor ao governo Bolsonaro, insinuando mesmo que não haveria diferença entre um e outro.
Ao mesmo tempo vemos a mesma imprensa destacar figuras da esquerda como Flávio Dino (PCdoB/Movimento 65) dentre outras, inclusive do PT como Rui Costa, governador da Bahia, por defenderem o “diálogo” com o chamado centro político, ou seja, os partidos tradicionais da burguesia golpista como o PSDB, isso supostamente em nome dos interesses nacionais.
Reside aí a questão central da situação política nacional diante da crise do governo Bolsonaro e da explosão social que ele tende a provocar contra si, ou seja, de um lado a política de frente-ampla, ouro de tolo de um setor da esquerda, sobretudo da direção da esquerda e, de outro a política de combate pela destituição do governo Bolsonaro. Acontece que o Bolsonarismo e assim como a frente-ampla (política supostamente democrática) são ambas políticas da mesma classe utilizadas para resguardar seus interesses.
A burguesia pretende, por meio da frente-ampla subordinar o movimento candente aos seus interesses, que, frisemos, não são diferentes do Bolsonarismo, haja vista que foram eles mesmos que colocaram Bolsonaro e seus asseclas no poder, ao mesmo tempo em que, criando um “campo comum” entre a esquerda e a direita golpista, pretendem reabilitar junto à população os partidos tradicionais da burguesia que foram dissolvidos pela polarização durante o processo do golpe de Estado.
O ex-presidente aparece aí, mais uma vez, como um pedra no meio do caminho para a situação de promiscuidade abjeta que a direita está convidando a esquerda a participar e que elementos de esquerda já aceitam de bom grado.
Não porque seja um revolucionário, mas porque expressa nesse momento os interesses das massas trabalhadoras do país que padecem com a política criminosa do fascista Bolsonaro, criando assim uma polarização social cada vez mais radical. A política de frente-ampla é justamente a tentativa de diluir essa polarização em favor da burguesia, deixando-a com toda a iniciativa política.
Diferentemente do que afirmam ou insinuam as matérias citadas, não é o ex-presidente quem divide a esquerda, mas os setores de esquerda que se prostituem ideologicamente, supostamente em nome da criação do campo anti-Bolsonaro para controlar as loucuras excessivas do governo, que na pratica somente fortalece a burguesia e o Bolsonarismo, uma de suas políticas. Também não são estes verdadeiros opositores do governo Bolsonaro, são quando muito, apenas em palavras, já que advogam união com os que levaram Bolsonaro ao poder, que deram o golpe de Estado e que apoiam a mesma política econômica e repressiva no fundamental que Bolsonaro está levando a cabo, ao invés de unificar as massas populares que as repudiam.
Para os trabalhadores só a uma frente que importa, a frente realmente democrática dos trabalhadores e sua organizações, da esquerda, dos movimentos sociais; de todo o povo massacrado por esse governo pela derrubada do mesmo.