Tradicionalmente o Carnaval brasileiro ganha contornos políticos. Sempre, para o povo, é uma oportunidade de criticar os ataques contra a população feitos pelos políticos burgueses. São milhares as marchinhas que trataram disso ao longo das festas de Carnaval.
Nos últimos anos, alguns blocos e festas foram abertamente contra os golpistas, e, em 2019, por exemplo, a palavra de ordem nas ruas, no Carnaval, era o “ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”, não por um acaso, mas como resultado da impopularidade que o presidente golpista tem junto à classe trabalhadora, público número 1 do Carnaval.
O Carnaval, festa do povo trabalhador, é sempre uma manifestação política. Isso porque junta, nas mais variadas festas, a população pobre e trabalhadora nas ruas. O povo, junto, nas ruas, sempre termina em manifestação contra o regime político.
É por essa razão que a repressão dos golpistas está ainda mais atenta para as festividades do Carnaval 2020. Não querem, de jeito nenhum, que as festas descambem em gigantescas manifestações contra o regime de Bolsonaro e seus seguidores nos governos estaduais, como o já famoso “fora Doria”, em São Paulo.
A esquerda, nesse cenário, cumpre um papel confuso neste Carnaval. Ela está discutindo sobre como aumentar a repressão e censura aos atos tidos como “machistas” ou “racistas”, quando, na verdade, no Carnaval deve se permitir todo tipo de manifestação. As manifestações direitistas devem ser combatidas à altura, na mesma moeda, quaisquer que sejam elas. Não se deve passar uma procuração para a PM ou o judiciário golpista realizar o trabalho que deveria ser do movimento negro e de mulheres organizado.
O Partido da Causa Operária deliberou, em sua última plenária com os militantes partidários, realizar uma ampla campanha pelo fora Bolsonaro neste carnaval, com blocos, camisas, bateria, enfim, tudo o que for possível para transformar a festa do povo em atos gigantescos pelo fora Bolsonaro.
É preciso impulsionar todo o sentimento da população contra o regime golpista. Ao contrário do que quer fazer crer a imprensa burguesa, o povo não quer esperar as eleições, até porque, como foi visto no caso da deposição de Dilma e na prisão de Lula, todo o processo eleitoral está controlado pelos direitistas, e a luta, por esse caminho, não trará resultado algum.
Assim, o Carnaval se torna na primeira grande manifestação de 2020, para todos aqueles que não querem mais esperar que as instituições do regime golpista resolvam, elas mesmas, o problema do golpe, o problema Bolsonaro. Seja em pequenos blocos, ou grandes cordões e desfiles, a luta contra Bolsonaro tem no Carnaval 2020 uma ótima oportunidade para seu desenvolvimento.