O coronel bolsonarista Wanderlei Mársico (PSD), atual prefeito de Taquaritinga, localizada no interior de SP, desenvolve em parceria com o Exército Brasileiro o projeto Pelotão Mirim. Segundo edital de processo seletivo para o ano de 2020, divulgado no site da prefeitura, a meta é recrutar 50 crianças com idades entre 09 a 11 anos de idade para formar um pelotão mirim, com uso de fardamento e realização de atividades nas dependências do Tiro-de-Guerra 02-041 de Taquaritinga. As atividades ocorrerão todos os sábados, no período matutino, das 8:00 às 11:00. O chefe de Instrução do TG é o líder do pelotão militar formado por crianças.
No edital, o projeto pretende se justificar pelo desenvolvimento de “valores de cidadania e civismo como: “ética, respeito à pluralidade cultural, valorização e preservação do meio ambiente, desenvolvimento de ações básicas de saúde, noções de educação no trânsito, auto-cuidado, convívio social, educação financeira”. Os temas de formação serão trabalhados em três blocos: “Patriotismo, Civismo, Auto-cuidado e Relações Interpessoais.”
O projeto está sendo desenvolvido e mantido pela administração Mársico nas dependências do TG 02-041 nos últimos dois anos (2019-2018). Isto é, desde que assumiu a prefeitura municipal, o prefeito conferiu prioridade à execução desse projeto.
O recrutamento de crianças para servir em um pelotão mirim do Exército significa, na verdade, um avanço da extrema-direita fascista sobre as crianças. Desde o golpe de Estado de 2016, o que se observa é a intensificação de uma política de ocupação de terrenos (“aproximações sucessivas”) por parte das Forças Armadas, que conduzem à tomada e ao controle sobre o regime político a partir do interior das instituições do Estado.
O pretexto de desenvolvimento de valores não passa de uma fachada para ocultar os verdadeiros objetivos do Projeto. A ideia das Forças Armadas e da extrema-direita fascista é avançar sobre as crianças e adolescentes e doutriná-los em sua perspectiva ideológica. O conservadorismo de tipo fascista é a concepção política e ideológica que vigora nas Forças Armadas e a que estas pretendem promover e difundir na sociedade, começando pelas crianças. Trata-se, ao fim e ao cabo, de promover a fascistização das crianças para tentar torná-las parte ou receptivas ao regime político de fascista.
Esse processo de fascistização significa a formação política e ideológica para combater os partidos de esquerda, os movimentos sociais e as organizações operárias e populares. Em todos os regimes fascistas, procurou-se organizar as crianças e a juventude como tropa de choque para a destruição da esquerda.
É relevante destacar que as Forças Armadas são verdadeiras chocadeiras do fascismo e pilares essenciais do golpe de Estado e da fraude eleitoral que colocaram Jair Bolsonaro na presidência da República. O regime político golpista caminha no sentido de instauração de uma ditadura militar, e o avanço sobre as crianças é um ponto-chave para a extrema-direita que controla o Exército.
Cabe às escolas e ao conjunto das organizações políticas e sociais a formação para a cidadania em relação às crianças e adolescentes. As Forças Armadas, como chocadeiras de fascistas e que até hoje promovem o culto aos torturadores da ditadura militar, com especial ênfase para o coronel Ustra, não podem ensinar qualquer noção de cidadania e participação democrática.