Após intermináveis discussões e inúmeras crises, chegou, enfim, o dia de o Reino Unido deixar oficialmente a União Europeia. O Brexit, como ficou conhecido o processo, acontece hoje (31), conduzido pelo primeiro-ministro Boris Johnson, de uma ala da extrema-direita do Partido Conservador.
Justamente por esta sendo conduzida por um setor da burguesia, a saída da União Europeia não terá nenhuma grande ruptura no momento, mas apenas uma transição que deverá durar pelo menos 11 meses. O livre comércio e a liberdade de movimento entre Reino Unido e UE vão continuar pelo resto de 2020. Além disso, o Reino Unido ainda terá de se submeter às leis aprovadas pelo parlamento europeu durante o período de transição, embora já não tenha mais direito à voz.
Apesar da transição, o Brexit não deixará de causar um grande impacto nas relações entre o Reino Unido e os demais países imperialistas da Europa. No âmbito da pescaria, o primeiro-ministro Boris Johnson vem lançando mão de uma política demagógica com os pescadores britânicos, prometendo que o Brexit impedirá que as águas britânicas sejam exploradas por frotas de outras nações, como a Irlanda, a França e a Dinamarca.
Outra questão que será bastante afetada com o Brexit são as relações entre o Reino Unido e os países de outros continentes. É provável, por exemplo, que Boris Johnson determine uma série de acordos com o presidente norte-americano Donald Trump, que é apoiado por setores da burguesia norte-americana que carregam contradições com o imperialismo europeu.
Os passaportes britânicos serão alterados e passarão a não ter mais o carimbo da União Europeia. Após o período de transição, o território britânico não constará mais como parte integrante da União Europeia e o trânsito entre o Reino Unido e outro país europeu poderá ser considerado ilegal.
A saída do Reino Unido da União Europeia, embora bastante moderada e controlada pela burguesia, é uma expressão do esfacelamento da política neoliberal em todo o mundo. A classe operária inglesa deve intervir nessa crise com o seu próprio programa, rejeitando a demagogia da extrema-direita e propondo uma ruptura completa com a burguesia.