O presidente da Bolívia, Evo Morales (MAS-IPSP), poderá participar do pleito eleitoral previsto para este ano de 2020 na condição de candidato ao Senado ou à Câmara dos Deputados. O anúncio foi feito por um correligionário na última quarta-feira (29).
Evo renunciou ao posto de líder do executivo boliviano em 10/11/2019, após uma densa investida golpista que contou com a participação, inclusive, de setores golpistas brasileiros e milícias fascistoides.
A notícia de que o presidente legítimo vai se submeter às eleições legislativas foi trazida pelo senador Ormar Aguilar e é corroborada por uma procuração judicial assinada segunda-feira (27), na qual Evo outorga poderes para seu advogado inscrevê-lo no processo eleitoral.
Evo, ex-líder do movimento sindical dos cocaleiros, vem colecionando uma série vexatória de recuos no último período. Outrora reconhecido como um próspero representante da esquerda latino-americana, Evo tentou aproximação com os governos golpistas do Brasil, deportando o preso político Cesare Battisti e comparecendo à posse do presidente ilegítimo Bolsonaro.
Contudo, seus erros mais graves foram aqueles que o conduziram à renúncia. Evo cedeu às pressões, fazendo concessões aos setores que exigiam a recontagem de votos, o que atiçou ainda mais a sanha dos golpistas.
Recentemente, de seu exílio na Argentina, Evo reconheceu a necessidade da formação de milícias populares para servir de base a governos de esquerda em tempo de golpe. Ainda assim, seus últimos movimentos indicam o caminho rasteiro das eleições legislativas, o que enterraria vez por todas seu legítimo mandato de presidente.
Caso os rumores se confirmem, Evo terá mais um ato seu inscrito no rol da infâmia dos presidentes nacionalistas do século XXI na América Latina.