Quem tem alguma dúvida sobre a parcialidade da imprensa golpista deveria simplesmente se retirar da política. A colocação da imprensa e seus jornalistas obedece a uma determinada orientação política geral. As eleições são um momento em que fica ainda mais evidente esse fato.
Esses monopólios que em tese deveriam garantir igualdade de condições para todos os partidos e candidatos são instrumentos para manipular as eleições de acordo com os interesses da burguesia.
Principalmente nas eleições, a esquerda pequeno-burguesa parece acreditar na imparcialidade da imprensa e se joga na ilusão de que pode conquistar a chamada opinião pública, que na realidade nada mais é do que uma opinião média que a burguesia controla para seus interesses.
Na esperança de conseguir um lugar ao sol na imprensa golpista o que lhes asseguraria a chance de votos e do tão sonhado cargo, de inflamados radicais, os esquerdistas copiam o sorriso amarelo dos políticos burgueses, o abraço na criancinha e no idoso, a propaganda eleitoral tradicionalmente rebaixada e vazia de conteúdo da burguesia.
Essa transformação na aparência vem, logicamente, acompanhada por um programa tanto mais direitista quanto maiores são as chances que o candidato tem ou pensa ter de ser eleito. O caso de Boulos em São Paulo é bastante significativo. O candidato do PSOL, que para quem o conhece dos movimentos populares sabe que seu radicalismo se resume no máximo a bravatas em carro de som, adota desde o início um programa reformista que ele e sua vice, Luiza Erundina, chamaram de “revolução solidária”. Um reformismo sem reformas, uma mera demagogia eleitoral.
Na medida em que a imprensa golpista apresenta Boulos como um candidato competitivo, Boulos vai se tornando ainda mais adaptável à opinião pública burguesa. Aparece cada vez mais como um candidato bom-moço, uma pessoa ponderável, sensata e todas essas besteiras que a burguesia atribui àqueles que quer promover.
A propaganda da imprensa burguesa para o candidato do PSOL tem um objetivo muito claro: isolar o PT, servir como um fator de divisão da esquerda. Ou é isso, ou devemos acreditar que a imprensa golpista de uma hora para outra deixou de ser direitista. Os psolistas parecem acreditar nesse conto fantástico.
Mas o caso Boulos é apenas um. Toda a esquerda pequeno-burguesa se adapta às eleições, numa encenação de bom-mocismo.
Enquanto isso, vemos um comportamento bastante diferente em relação aos candidatos do PCO. Ainda estamos no início das eleições, mas a reação da imprensa golpista diante da campanha revolucionária nas eleições mostram que o PCO está no caminho certo. Levantando como palavra de ordem o “fora Bolsonaro” e a luta pelos direitos políticos de Lula e por Lula candidato, os candidatos do PCO já foram censurados, caluniados e ridicularizados. Não pode haver campanha política, apenas aquela campanha fraudulenta para agradar a “opinião pública” burguesa, ou seja, enganar a população.
A esquerda cai nessa armadilha justamente porque tem medo dessa “opinião pública”, quer ser bem aceita no clube dos políticos burgueses, por isso o bom mocismo. E logicamente, querem um cargo a todo o custo, para isso, é preciso brincar de ser candidato burguês.